O primeiro Golf de produção em série saiu da fábrica da Volkswagen, em Wolfsburg, Alemanha, no final de Março de 1974. A data não poderia passar em claro, dada a histórica importância do popular compacto, e dá-se a “coincidência” de a actual geração (8.ª) estar justamente a meio do habitual ciclo de vida de um modelo. Daí que a Volkswagen faça uma espécie de “dois em um”, pois aproveita para assinalar o meio século de existência do Golf com a actualização daquele que foi, anos a fio, o seu bestseller. A renovação segue a tradicional receita da marca alemã, ou seja, poucas alterações na estética, revisão das mecânicas e ênfase na tecnologia, em particular a nível do sistema de infoentretenimento.
É certo que as vendas do Golf já não são o que eram – basta recordar que o “português” T-Roc foi o modelo da Volkswagen mais vendido em Portugal e na Europa, em 2023 –, mas isso não apaga a importância do conhecido compacto na história do construtor alemão, com os números a traduzirem melhor do que as palavras o “fenómeno” Golf. Desde que foi lançado, este modelo já foi responsável pela comercialização de mais de 37 milhões de unidades e, se é um facto que a sua prestação comercial não se aproxima dos tempos áureos, não é menos verdade que a Volkswagen optou por renová-lo de acordo com as mais recentes tendências dos consumidores, cada vez mais interessados em propostas que conciliem custos de utilização mais reduzidos e tecnologia para simplificar a vida do condutor. Inteligência artificial incluída.
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A gama de motorizações mantém opções para (praticamente) todos os gostos. Entre gasolina, gasóleo, mild hybrid de 48V e híbridos plug-in (PHEV), vai haver um total de nove alternativas no lançamento do renovado Golf, mas a nota de destaque vai claramente para os PHEV, que trocam a anterior bateria de 10,6 kWh por um acumulador com quase o dobro da capacidade (19,7 kWh), conseguindo assim passar a reivindicar um alcance em modo exclusivamente eléctrico de cerca de 100 km. Mas quer o Golf eHybrid quer o GTE, que salta dos anteriores 245 cv para 272 cv, revelam ainda ganhos no tempo que precisam de estar ligados à tomada, pois em corrente alternada (AC) passam a aceitar 11 kW de potência (antes 3,6 kW) e, adicionalmente, podem estar preparados para carga rápida (50 kW em corrente contínua). Outra das novidades, a nível das mecânicas, vai para o GTI, o desportivo da gama, pese embora o GTE seja o mais potente. Face ao seu antecessor, o renovado Golf GTI irá colocar mais 20 cv à disposição do condutor, passando a anunciar 265 cv.
Vá pelos seus dedos e irá encontrar mais mudanças no interior do Golf 2024. Isto porque basta colocar as mãos no volante para perceber que as funções accionáveis a partir daqui voltam à “moda antiga”, ou seja, os comandos hápticos cedem lugar aos físicos, com a marca a demonstrar assim que ouviu as críticas de que foi alvo. Isto porque a 8.ª geração do Golf quis inovar com a tecnologia háptica no volante, mas a experiência relatada pelos utilizadores foi pouco positiva.
Outro feedback menos bom prendia-se com o sistema de infoentretenimento – algo que a própria marca também reconheceu que precisava de melhorar e evoluir. Em resposta, eis que o renovado Golf acena com o potencial do “novo assistente de voz IDA” passar a explorar a inteligência artificial. “No futuro, o Golf terá a bordo a última geração de sistemas de infoentretenimento. Este integra interface ChatGPT no assistente de voz IDA, baseado em inteligência artificial”, adianta a marca. Foi esta a novidade que a Volkswagen levou até Las Vegas, para apresentar na última edição do CES, com a promessa de que espera poder disponibilizá-la a partir do segundo trimestre deste ano – no Golf e numa série de outros modelos. Quando assim for, “os ocupantes podem interagir com o automóvel utilizando linguagem natural e fazer com que os conteúdos pesquisados lhes sejam lidos em voz alta durante a viagem”. O “coração” do sistema de infoentretenimento é o MIB4, já introduzido noutros modelos, com o ecrã central táctil a apresentar-se com 10,4 polegadas ou 12,2, nas linhas de equipamento mais enriquecidas. Nota ainda para o facto de, finalmente, se fazer luz na barra abaixo do display central, permitindo aos utilizadores controlar mais depressa e mais eficazmente a temperatura e o volume. Esta era, aliás, outra das queixas com que a marca teve de lidar.
Em matéria de assistência à condução, as baterias são apontadas ao estacionamento, com funcionalidades melhoradas (Park Assist Plus) ou disponíveis, pela primeira vez, no Golf, como é o caso do Park Assist Pro. O compacto alemão poderá ainda montar quatro câmaras para oferecer uma visão 360º.
Por fora, as alterações à frente e atrás concentram-se no novo design dos grupos ópticos, sendo que até o emblema da marca pode ser iluminado, no que constitui uma estreia para o Golf, modelo que vai continuar a ser proposto com duas carroçarias, estendendo-se à Variant (carrinha) todas as melhorias ou novidades deste restyling.