Os protestos dos agricultores franceses continuam esta sexta-feira, dia em que o governo de Gabriel Attal irá anunciar medidas para o setor agrícola, nomeadamente em matéria de legislação ambiental, apoios e ajudas de custo, e importações.

Os protestos incluem ações de grandes federações como o FNSEA (Fédération nationale des syndicats d’exploitants agricoles), que reúne 22 federações regionais, mas também de sindicatos de produtores agrícolas, pequenas associações regionais e intervenções espontâneas de grupos orgânicos de trabalhadores. Embora de acordo no diagnóstico dos problemas do setor, é possível que, ao longo desta sexta-feira, haja diferentes desenvolvimentos e reações às propostas do governo por todo o país.

O primeiro-ministro francês irá anunciar as medidas numa exploração bovina no Haute-Garonne, departamento que inclui Toulouse, onde se vai reunir com cerca de quarenta agricultores, anunciou o Matignon. Attal, assim como os ministros da Agricultura e da Transição Ecológica, é esperado às 16h30, avança o Figaro.

A FNSEA de Île-de-France, a região de Paris, anunciou esta sexta-feira, por volta das 11h locais (10h em Lisboa), que serão montados piquetes em cinco vias que ligam diversas regiões do país à capital, incluindo a A6, A13 e A16, a partir das 14h.

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Na A1, que liga Paris a Lille e ao Norte da Europa, a circulação está cortada nos dois sentidos tanto em Senlis, a 40 quilómetros da capital francesa, como a sul de Lille. A “Autoestrada do Norte” é a artéria mais movimentada do país, e as autoridades anunciaram que são esperados 130 tratores para reforçar o bloqueio junto de Paris.

Na povoação de Seclin, a 17 quilómetros de Lilles, mais de 150 tratores bloqueiam a A1 desde quinta-feira. O trânsito está a ser desviado para estradas regionais e municipais, com a circulação de pesados, em particular, a causar engarrafamentos.

No sul de França, um total de quase 400 quilómetros da A7 e A9 estão encerrados, na ligação entre Avignon e a fronteira com Espanha. Em declarações ao Figaro, a concessionária Vinci confessa nunca ter visto nada assim.

Na área de Montpellier, houve várias demonstrações de protesto por parte dos agricultores. Em Clémont-l’Herault, um grupo reviou o asfalto do parque de estacionamento de um Leclerc com escavadoras.

Em Gallargues-le-Montueux, entre Montpellier e Avignon, um grupo de empresários agrícolas e vinícolas esvaziaram camiões com produtos importados e inutilizaram-nos.

Agricultores da região de Gers largaram estrume e palha à entrada do aeroporto de Toulouse-Blagnac, tendo depois incendiado os fardos, indica o La Dépeche.

O presidente do FNSEA, Arnaud Rosseau, está a liderar um congresso do sindicato na estrada M6, a norte de Lyon, onde se aguardam as propostas do executivo.

Em entrevista à Sud Radio, o presidente dos Jovens Agricultores, Arnaud Gaillot, destacou a necessidade de uma resposta séria do governo, alertando para a imprevisibilidade do movimento. “Há 10 anos que alertamos o governo: se continuamos nesta trajetória, vão acabar encostados à parede, vamos acabar em confronto”, afiança. Mas relembra que o interesse dos manifestantes é poder manter a sua atividade e o seu negócio.

De acordo com Gaillot, ainda não houve uma “decisão nacional de entrada” na capital, pelo que os protestos em redor de Paris são decisões das federações e uniões de produtores daquelas regiões. Mas não recusa que possa haver uma ação nacional concertada que “cerque” a Cidade das Luzes: “se o governo não nos der respostas esta tarde, teremos de subir a parada”.

Os protestos aproximaram-se na quinta-feira de Paris, com tratores a bloquear estradas em muitas regiões de França para pressionar o governo a proteger o influente setor agrícola da concorrência estrangeira e da inflação.

Protestos de agricultores em França aproximam-se de Paris e pressionam governo

Os protestos estão a provocar lentidão no trânsito, com barricadas de fardos de palha e de resíduos agrícolas em frente aos gabinetes do governo, em manifestações que se multiplicam em várias zonas do país, na primeira grande crise para o recém-empossado primeiro-ministro Gabriel Attal.

Os opositores do Presidente Emmanuel Macron estão a aproveitar as manifestações dos agricultores para criticar o desempenho do seu governo antes das eleições europeias, marcadas para junho.

“A determinação é total. Esperamos medidas urgentes”, assegurou Arnaud Rousseau.

Em Bruxelas, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, abriu um painel de discussão para tentar colocar a agricultura como tema prioritário na política comunitária, prometendo ter em conta algumas das queixas levantadas pelos manifestantes em França.