Rui Vitória saiu do Benfica em 2019, numa fase com resultados menos conseguidos depois de ter conquistado um bicampeonato entre seis títulos pelos encarnados desde 2015/16, e não mais voltou a Portugal mas nem por isso esqueceu o país e a valorização que tem vindo a ser feita de outros treinadores com menos vitórias. “Os números vão falando por si. Não preciso de ser eu a dizer as coisas em relação a mim. Logo no meu primeiro ano em Paços de Ferreira chegámos a uma final da Taça da Liga. No Spartak Moscovo apurámo-nos em primeiro lugar num grupo da Liga Europa em que apanhámos equipas como o Nápoles e o Leicester. Se aliarmos a isso um conjunto de jogadores que tive o privilégio de treinar e ajudar a que melhorassem as suas vidas é evidente que, mesmo que digam ou não digam, sinta confiança para dizer que temos feito um bom trabalho. Agora, não me oriento por isto nem me perturbo com nada. O futebol é o que é. Há quem seja mais valorizado com menos conquistas mas isto é a vida”, comentou em entrevista à Antena 1.
Rui Vitória. Do “pé de chumbo” à força mental, quem é o treinador que sai do Benfica sem o penta
Essa experiência na Rússia acabou por terminar mais cedo porque os resultados europeus não tiveram a sequência desejada no plano nacional mas, antes, na primeira “aventura” que teve no estrangeiro, o treinador português sagrou-se campeão saudita pelo Al Nassr (além de ganhar uma Supertaça). Após deixar Moscovo, o técnico foi recebendo convites mas preferiu esperar para encontrar um projeto desportivo que tivesse um melhor enquadramento com o que pretendia. Foi nesse contexto que apareceu o Egito de Mo Salah, finalista vencido da última da Taça das Nações Africanas (CAN) e uma das equipas com mais historial no país.
Al Nassr vence na última jornada e Rui Vitória sagra-se campeão da Arábia Saudita
A CAN tornava-se assim um objetivo, sendo que o grupo era dos mais complicados na prática mesmo que não parecesse na teoria. Os Faraós terminaram na segunda posição sem derrotas mas também sem vitórias, com três empates sempre a dois golos frente a Moçambique (com uma grande penalidade de Salah aos 90+7′), Gana (recuperando de duas desvantagens) e Cabo Verde (numa partida frenética com o 2-1 de Mohamed aos 90+3′ e o 2-2 de Bryan Teixeira aos 90+9′). “Não gosto de perder e jogo sempre para ganhar mas temos tido muito azar desde o início da competição. Sofremos muitas lesões desde o início da preparação: Salah, El-Shenawy e agora Imam Ashour, que se lesionou durante o treino e está fora do próximo jogo com o Congo”, comentou o técnico na antecâmara do encontro dos oitavos frente ao Congo de Mbemba e Banza.
A vida não está fácil para o Egito de Rui Vitória e Salah ????#sporttvportugal #taçadasnaçoesafricanas #caboverde #egito pic.twitter.com/VEobF6pdlx
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Apesar dessa entrada, ainda reinava a confiança. E para reforçar esse estado de espírito, o porta-voz dos egípcios, Mohamed Morad, confidenciou à Associated Press que a Federação Egípcia de Futebol tinha sido feito o sacrifício de uma vaca para “ajudar” a equipa a ir o mais longe possível, num ritual que já tinha acontecido em 2008 quando os Faraós foram campeões africanos. A carne foi depois distribuída por pessoas mais necessitadas no Cairo mas o mais importante era esse reforço de confiança. No final, de nada valeu.
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Num encontro marcado pelo equilíbrio, Meschak Elia inaugurou o marcador para os congoleses mas o Egito conseguiu empatar ainda na primeira parte, numa grande penalidade convertida por Mohamed. O empate iria subsistir até ao final dos 90 minutos, seguindo-se um prolongamento que desde cedo deixou o conjunto de Rui Vitória a jogar apenas com dez por expulsão de Mohamed Hamdy Sharaf (97′). Tudo ficaria adiado para as grandes penalidades, num desfile de 18 tentativas que terminou com o guarda-redes do Congo, Lionel Mpasi, a converter o 8-7 decisivo que afastou os Faraós dos quartos, onde iriam defrontar a Guiné.
Quando o goleiro tem a chance de decidir nos pênaltis e converte! Lionel Mpasi eliminou o Egito e colocou a RD Congo nas quartas-de-final da Copa Africana. Um resultado que pode significar fim da linha para Rui Vitória nos Faraós.pic.twitter.com/HNXSD6l1ry
— Leonardo Bertozzi (@lbertozzi) January 29, 2024
“Estamos extremamente zangados porque Rui Vitória não cumpriu o que prometeu. Estamos em estado de choque!”, comentou depois da eliminação uma fonte da Federação Egípcia de Futebol em declarações aos meios locais, dando voz a uma ideia que já se percebera após o afastamento precoce da prova: o lugar de Rui Vitória encontra-se em perigo. “A responsabilidade cai sempre em cima do treinador. Preparámos a equipa para esta competição e os jogadores deram o máximo. Não esperávamos este desfecho, teremos que refletir sobre o nosso futuro”, assumiu o técnico português após a derrota frente ao Congo.
After ????????Egypt was eliminated by???????? DRC in the AFCON last night,the Egyptian FA has summoned head coach Rui Vitoria to an emergency meeting upon his arrival in Cairo ????????#AFCON2023 pic.twitter.com/QdbSrdb3El
— Andrews Sefa ⚽️ (@Sefaa_b) January 29, 2024