A história começou em novembro, quando se tornou a primeira mulher a ser treinadora adjunta na Bundesliga. A história continuou este fim de semana, quando se tornou a primeira mulher a ser treinadora principal nas cinco principais ligas europeias. Aos 32 anos, Marie-Louise Eta é cada vez mais a protagonista de um conto de fadas que prova que os sonhos não são apenas contos de fadas.

No domingo, quando o Union Berlin recebeu e venceu o Darmstadt, a alemã tornou-se a primeira mulher a comandar uma equipa principal masculina na Bundesliga — e, por inerência, nas big 5 europeias. Marie-Louise Eta assumiu o papel na sequência do castigo de Nenad Bjelica, treinador principal do Union Berlin que está suspenso por três jogos depois de ter empurrado Leroy Sané na partida contra o Bayern Munique, e estreou-se desde logo com uma vitória.

“Estamos muito contentes por termos conseguido realizar uma exibição tão boa. Fizemos aquilo que nos competia fazer dentro de campo”, disse a treinadora na zona de entrevistas rápidas, sendo que agora vai repetir a façanha contra o RB Leipzig e o Mainz. O Union Berlin, que estava no grupo do Sp. Braga na Liga dos Campeões, está atualmente no 15.º lugar da Bundesliga, cinco pontos acima da zona de despromoção.

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Natural de Dresden, Marie Louise-Eta começou por ser jogadora e teve uma carreira de cerca de uma década que até lhe permitiu conquistar a Liga dos Campeões com o Turbine Potsdam. Passou ainda por Hamburgo, Cloppenburg e Werder Bremen, foi internacional Sub-23, mas deixou os relvados com apenas 26 anos e na sequência de várias lesões. “Sempre disse que jogaria até não poder andar, mas o momento era o certo, mesmo que tenha sido uma decisão extremamente difícil. Não consigo imaginar fazer nada que não seja futebol. Com isso, passei cada vez mais tempo a trabalhar como treinadora e cresceu a decisão de que queria dar o próximo passo”, explicou a alemã em entrevista à revista kicker.

Tanto imaginou que se tornou uma realidade: Marie-Louise Eta é a primeira treinadora-adjunta da Bundesliga

Em abril de 2023, ainda nem há um ano, terminou o curso que lhe permite agora treinar nos dois principais escalões do futebol alemão — foi uma de apenas 16 pessoas e a única mulher entre cerca de 100 candidatos a receber a licença. Estagiou nas camadas jovens da seleção feminina da Alemanha e acabou por assumir o cargo de adjunta nos Sub-19 do Union Berlin. Em novembro, quando Urs Fischer deixou a equipa principal do clube na sequência de 14 jogos consecutivos sem ganhar, acompanhou Marco Grote, então técnico principal dos Sub-19, no desafio de assumir o plantel interinamente.

Marco Grote foi substituído definitivamente por Nenad Bjelica ao fim de alguns dias, mas Marie-Louise Eta manteve-se na equipa técnica principal. E manteve-se até este domingo, onde foi então chamada a render o castigado treinador croata. “Sempre me saí bem a pensar passo a passo. Há dois ou três anos nunca teria imaginado que estaria nesta posição agora, nunca teria pensado que trabalharia permanentemente no futebol alemão. É por isso que posso imaginar muitas coisas: assumir o comando de uma seleção jovem dentro de algum tempo, trabalhar como adjunta nas ligas profissionais adjuntas, treinar numa equipa feminina da Bundesliga, bem como nos Sub-17 e Sub-19 masculinos. Não importa onde, tenho é de me sentir confortável, quero acordar todos os dias com alegria”, explicou na mesma entrevista e ainda antes de se estrear sequer como adjunta.