O inquérito do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) Regional do Porto relativo à violência ocorrida na Assembleia-Geral do Futebol Clube do Porto de 13 de novembro foi aberto por iniciativa própria do departamento liderado pela procuradora-geral adjunta Branca Lima. E para essa decisão foram importantes os relatos de magistrados desse mesmo DIAP que assistiram ao vivo às agressões e aos episódios de intimidação.
Ao que o Observador apurou, esses procuradores estavam na polémica Assembleia-Geral na qualidade de sócios do clube, como quaisquer outros. Os relatos informais que fizeram nos dias seguintes à AG foram relevantes para que a investigação, titulada pela procuradora Graça Ferreira, avançasse de imediato. Como é natural, nenhum deles faz agora parte do inquérito que investiga suspeitas de ofensas à integridade física qualificadas, coação agravada, ameaça agravada, instigação pública à prática de crime, atentado à liberdade de informação.
Aos testemunhos informais dos magistrados juntaram-se depois as notícias sobre os episódios de violência e os inúmeros vídeos que começaram a circular nas redes sociais com indícios de agressões e coação a sócios do FC Porto por parte de elementos identificados como membros da claque dos Super Dragões.
As suspeitas contra Madureira. “Quem não está com Pinto da Costa vai morrer!”
A agressão ao segurança de André Vilas Boas na noite de 21 de novembro — oito dias depois da noite negra da AG do FC Porto — só veio a reforçar a necessidade de ser investigada a criminalidade violenta associada ao FC Porto e ao período eleitoral que inevitavelmente o clube liderado por Jorge Nuno Pinto da Costa há mais de 41 anos viria a ter.
A investigação começou praticamente de imediato, tendo sido acionados mecanismos de vigilância eletrónica de Fernando Madureira e de outros elementos dos Super Dragões que foram detidos esta quarta-feira.
Ao que o Observador apurou, os mandados de detenção e de busca fazem alusão a prova testemunhal que advém das inquirições de testemunhas que estiveram presentes na AG do Porto e que foram concretizadas entre dezembro de 2023 e fevereiro deste ano.
Outras diligências, como a recolha da prova documental relacionada conversações digitais (mensagens trocadas em diferentes grupos de WhatsApp e de outras redes sociais), foram igualmente concretizadas.