Naquele seu estilo típico de quem necessita de ter sempre a última opinião, e ao longo das várias entrevistas que foi dando nas últimas semanas quase que a justificar tudo o que de mau tem acontecido ao Barcelona ao longo da temporada, Joan Laporta, presidente dos blaugrana, admitiu que, “se não fosse Xavi, a questão do técnico seria resolvida de outra forma”. Significado? Que se no banco não estivesse uma das maiores figuras da história do clube, nem mesmo o facto de referir numa conferência de imprensa inesperada após a derrota caseira com o Villarreal que iria sair no final da época chegaria para se manter… até ao final da época. Se a questão do treinador era uma das poucas resolvidas no quotidiano dos catalães, o líder do clube passou a ter outro problema em mãos. Com uma nuance: a perceção que existe em relação ao posto.
“Ser técnico do Barcelona é um ataque à saúde mental. Ser jogador deste clube é muito mais divertido do que ser treinador. O Xavi é catalão, conhece perfeitamente o clube e de certeza que notou isso mesmo”, comentou Ronald Koeman, antigo jogador e treinador dos blaugrana que foi substituído no cargo pelo antigo médio no final de outubro de 2021, em declarações ao programa Good Morning Eredivise.
“A imprensa está sempre uma arma apontada e quando as coisas não correm da melhor forma a culpa é do treinador. Eu vivi essa pressão e esse stress, foi o trabalho mais difícil que alguma vez tive na vida”, referiu ainda o ex-central, que orienta nesta altura a seleção dos Países Baixos e que como jogador do Barça nos anos 90 ganhou uma Taça dos Clubes Campeões Europeus (marcando o golo decisivo da final frente à Sampdoria em Wembley no prolongamento, de livre direto, e dando a primeira vitória dos culé na prova), uma Supertaça Europeia, quatro Campeonatos, uma Taça do Rei e três Supertaças entre 1989 e 1995.
Nasceu torto, nunca se endireitou e chegou ao fim: Barcelona despede Ronald Koeman
Uma coisa é certa: qualquer que seja o nome escolhido, haverá um treinador novo no Barcelona a partir da próxima temporada. Um treinador que não sairá das opções que tinham sido faladas no plano nacional.
“Quantos treinadores portugueses estão preparados para o peso e responsabilidade de tomarem conta do Barcelona, ainda por cima deste Barcelona com todas as dificuldades que carrega? Sei que o Rúben Amorim está a fazer um bom trabalho no Sporting e que, ainda por cima, joga com um estilo parecido com o nosso. Mas também tem muito pouca experiência. Estamos com uma questão financeira grave entre mãos e essa foi uma das razões pelas quais me contrataram. Não temos dinheiro para os investimentos que são feitos por outros clubes milionários e isso desmotiva qualquer treinador que venha para cá com a vontade de ganhar tudo e já. Não podemos dar-lhe os meios para isso, infelizmente. Não nesta fase”, comentou Deco, ex-internacional e atual diretor desportivo do conjunto catalão, numa entrevista ao jornal Nascer do Sol.
Já em relação a Sérgio Conceição, as perspetivas também não são diferentes. De acordo com o jornal Sport, o técnico do FC Porto terá sido oferecido por Jorge Mendes aos catalães mas Joan Laporta, agradecendo ao agente pelas chegadas de João Félix e João Cancelo e pelas renovações de Alejandro Balde e Lamine Yamal, terá referido que o número 1 dos dragões não está na lista de possíveis sucessores a Xavi Hernández pela forma tática como joga preferencialmente em 4x4x2 e pelo “carácter e personalidade fortes” que são uma valência fundamental em determinados projetos que não o Barça do presente e no futuro.
Assim, os nomes “preferidos” pela cúpula dirigente dos catalães continuam a ser os mesmos propagados na altura em que Xavi Hernández anunciou que estava a fazer os últimos seis meses no clube. Jürgen Klopp, alemão que já revelou também a saída do Liverpool no final da temporada, é uma espécie de “sonho” de Laporta (de difícil concretização, acrescente-se), havendo também a revelação Xabi Alonso (Bayer, que ainda não perdeu qualquer jogo oficial esta época); o técnico da moda da Premier, Roberto De Zerbi (Brighton); Mikel Arteta (Barcelona); Luis Enrique (PSG); Unai Emery (Aston Villa); e Hansi Flick (sem clube).