O jogo do Real Madrid contra o Almería, no passado domingo, continua a ter ondas de choque. A intervenção do VAR em três lances fulcrais para o resultado final — um penálti, um golo anulado e a validação de outro — abriu a porta a todo o tipo de críticas e envolveu a vitória merengue num turbilhão de dúvidas e alegações.

Para além das declarações fortes de presidente, treinador e jogadores do Almería e da reação quase imediata de Xavi, que aproveitou a conferência de imprensa de rescaldo do jogo contra o Betis para deixar claro o que pensava, também Joan Laporta se apressou a tomar uma posição. Em entrevista ao Mundo Deportivo, o presidente do Barcelona defendeu que o VAR em Espanha “está sequestrado”.

“Assalto à mão armada”, “escândalo mundial” e “roubo”: Real Madrid venceu com muito VAR à mistura e a arbitragem está a ser arrasada

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“O jogo no Bernabéu foi rearbitrado a partir do VAR e todas as decisões tomadas foram contrárias às que o árbitro tinha tomado inicialmente. O VAR, que é um instrumento para ajudar os árbitros, está a converter-se num problema devido à má utilização que está a ser feita. O VAR está sequestrado, está a ser mal tratado com base em pressões do nosso rival de forma contínua e constante. Já não é pontual, porque já acontece há algum tempo”, disse Joan Laporta, atirando-se de forma clara e direta ao Real Madrid.

Mais à frente, na mesma entrevista, o presidente do Barcelona sublinhou que a liga espanhola está “adulterada”. “Não foi só este domingo. Temos analisado o assunto e já são vários pontos que o nosso rival conseguiu sendo beneficiado por decisões de arbitragem. Mas também temos de dizer que já estamos habituados, não é? Desde sempre que lutamos contra estes elementos, conhecemo-los bem […] Sou um presidente que não se esconde de enfrentar as situações e acho que tenho de levantar a voz neste caso, porque foi uma injustiça”, acrescentou Laporta, revelando que o clube já fez uma queixa formal à Real Federação Espanhola de Futebol [RFEF].

Ora, de forma expectável, as declarações do presidente catalão não caíram bem junto do Comité Técnico de Árbitros da RFEF. De acordo com o jornal Marca, o organismo pediu um parecer jurídico sobre as palavras de Joan Laporta e, consoante a conclusão dos advogados, irá levar o caso ao Conselho de Disciplina da Federação — algo que já aconteceu com as declarações de Gonzalo Melero, jogador do Almería, mas não aconteceu com as declarações de Xavi, que foram consideradas “genéricas e não suscetíveis de qualquer sanção”.

Pelo meio, ainda assim, o Comité Técnico de Árbitros está a investigar um outro episódio relacionado com o jogo do Real Madrid contra o Almería. Depois do apito final, o jornal Marca revelou uma comunicação entre o árbitro principal e o VAR num lance em que não existiu verificação no monitor — ou seja, um lance em que a comunicação nunca deveria ser tornada pública. 

Na jogada em questão, aos 86 minutos, Vinícius e Alejandro Pozo desentenderam-se e os jogadores do Almería pediram cartão vermelho direto por agressão do brasileiro. No áudio divulgado, o VAR fala com o árbitro principal, mas decide não o chamar ao monitor. “Para mim não há nada”, diz o árbitro principal, com o VAR a responder “sim, quando ele vai tirar o braço, o braço balança e bate nele, ele vai a tirar o braço, vamos prosseguir”. Em comunicado, o Comité Técnico de Árbitros confirmou a abertura da investigação.

“O áudio é efetivamente do jogo entre o Real Madrid e o Almería. O Comité abriu uma investigação para determinar como veio a público sem se tratar de uma revisão no monitor”, pode ler-se. Entretanto, o que é certo é que pelo menos o VAR em questão, Alejandro Hernández Hernández, já foi nomeado para as funções de vídeoarbitragem do jogo entre o Atl. Madrid e o Sevilha nos quartos de final da Taça do Rei.