No basquetebol, as ilimitadas substituições fazem com que um jogador tenha que pagar a pronto os minutos que tem em quadra com alguma coisa. José Silva (23 pontos) comprou o tempo de jogo contra o FC Porto com triplos. Foram seis em oito tentados. Desenvolver a memória dos braços para que nunca se esqueça de como deixar a bola no cesto é uma capacidade que não desaparece mesmo que as restante faculdades em atlética sucumbam. Foi assim que, até ao final da carreira, Tomás Barroso, homenageado no Pavilhão da Luz depois de ter deixado o ativo, se destacou e foi assim que José Silva lhe prestou reconhecimento.

Priorizando a Liga dos Campeões, o Benfica andou algum tempo baralhado e acabou por não ter propriamente sucesso na Europa e ter tropeçado algumas vezes no plano interno ainda que sem ficar afastado de nenhuma frente. Mesmo atrás dos rivais no campeonato, as decisões só chegam nos playoff. A Taça de Portugal e a Taça Hugo dos Santos também ainda são objetivos atingíveis.

O FC Porto tem apresentado uma regularidade maior e chegava ao clássico após o apuramento para os quartos de final da FIBA Europe Cup com uma exibição defensiva soberba contra os alemães do Gottingen (82-64). O nível apresentado na competição externa tem sido transportado para o campeonato, onde as equipa de Fernando Sá tinha deslizado apenas diante de Sporting e Oliveirense.

Todo este contexto foi revertido no clássico. Na Luz, o Benfica, que partia com mais duas derrotas que o líder do campeonato, foi quem usou a defesa como arma. O FC Porto utilizou os jogadores da posição cinco, Miguel Queiroz e Phil Fayne, para procurar a zona interior. Conseguiu com isso reduzir o tempo em campo de Terrell Carter que chegou cedo à segunda falta pessoal, mas Daniel Relvão, vindo do banco, aguentou-se bem com os postes contrários. Simultaneamente, os encarnados tentavam tirar a bola da mão de Cat Barber, a principal arma ofensiva dos azuis e brancos. Também aí, os jogadores de Norberto Alves foram contundentes forçando uma série de turnovers (só ao base norte-americano foram oito) que levaram a pontos fáceis.

Quando Tanner Omlid marcou o único triplo do FC Porto na primeira parte em cima da buzina do primeiro período (18-13), o Benfica tinha encontrado o ritmo ofensivo mesmo com Ivan Almeida de fora por se encontrar a solucionar um problema físico. José Silva era o destaque individual que só encontrava em Miguel Queiroz brilho equivalente, mas em tons de azul branco. Apesar da boa reação dos nortenhos no início do segundo quarto (45-31), os campeões em título estavam embalados para vencer pela primeira vez esta época um jogo contra um dos rivais.

O FC Porto voltou a entrar bem na segunda parte. Numa fase em que a curtíssima rotação de Fernando Sá podia começar a ser fisicamente demolidora, os dragões, com um parcial de 11-23, reduziram a desvantagem à entrada do último quarto para apenas três pontos (57-54). A partir do momento em que chegou o empate a 72, Toney Douglas (21 pontos) assegurou que os encarnados venciam o clássico (84-78), sendo que assim o Sporting, caso vença o Lusitânia, iguala os dragões no topo.

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