A Presidente da Hungria, Katalin Novak, renunciou este sábado ao cargo na sequência da contestação crescente em torno de um perdão de pena concedido a um homem condenado por crimes relacionados com o abuso sexual de menores, de acordo com a Reuters.

O caso remonta a abril de 2023, altura em que, por ocasião de uma visita do Papa Francisco ao país, Katalin Novak emitiu perdões a cerca de duas dezenas de pessoas. Entre elas estava o diretor adjunto de um orfanato que ajudou a esconder crimes de abuso cometidos na instituição pelo ex-diretor, facto que só veio a público recentemente.

O incidente provocou uma enorme contestação na sociedade húngara, com os líderes da oposição ao governo de Viktor Orbán, do qual Novak já fez parte, a exigirem a demissão da chefe de Estado que, no início da semana, ao garantir que jamais emitiria um perdão a um pedófilo inflamou o caso. Na sexta-feira, mais de mil pessoas saíram à rua em Budapeste numa manifestação contra a Presidente, que acabou por renunciar menos de 24 horas depois.

“Cometi um erro. (…) Hoje será a a última vez que me dirijo a vós como Presidente”, disse Novak numa comunicação ao país transmitida na televisão estatal, no qual reconheceu a “perplexidade e inquietação” que a decisão provocou junto da população.

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Novak tornou-se deste modo no rosto de uma das principais vagas de contestação ao governo nacionalista de Orbán desde que este chegou ao poder, em 2010. Numa tentativa de acalmar os ânimos, o partido de Orbán, o Fidesz, submeteu na quinta-feira uma proposta de emenda constitucional para evitar que perdões de pena futuros beneficiem pessoas condenadas por crimes contra crianças.

Segundo o Politico, a agora ex-Presidente (que esteve em Portugal há um ano) encontrava-se fora do país — no Qatar, a propósito do Campeonato Mundial de Pólo Aquático, onde a Hungria é um dos países participantes. No entanto, Novak acabou por antecipar o regresso para este sábado em virtude da polémica.

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