Já não restam dúvidas: há uma nova dinastia na NFL. Os Kansas City Chiefs venceram, no prolongamento, os San Francisco 49ers e o “rei das reviravoltas” Patrick Mahomes voltou a fazer das suas. A Super Bowl disputada neste domingo em Las Vegas foi renhida e longa, uma das mais longas de sempre, mas terminou com o mesmo resultado da época anterior: os Chiefs venceram 25-22.

No dia 2 de fevereiro de 2020, Kansas City defrontou os (mesmos) San Francisco 49ers e esteve a perder por 10 pontos na segunda metade do jogo, antes de o quarterback Patrick Mahomes marcar três touchdowns seguidos, sem resposta, e acabar essa noite a levantar o seu primeiro troféu. Três anos depois, a 12 de fevereiro de 2023, a mesma coisa: os Chiefs foram para o intervalo a perder 24-14 face aos Philadelphia Eagles e acabaram a vencer (38-35). Por isso, quando, esta madrugada, os Chiefs foram para o intervalo a perder, com apenas três singelos pontos marcados em toda a primeira metade, os adeptos mais veteranos da modalidade sabiam que já tinham visto este filme.

Desta vez, porém, a noite foi mais longa do que os adeptos de Kansas City estariam à espera. Foi preciso ir ao prolongamento e contar com alguns golpes de sorte para derrotar os San Francisco 49ers que, assim, elevam para três o número de finalíssimas disputadas nos últimos 11 anos… sempre morrendo na praia.

Super Bowl. Se vencer os 49ers, Mahomes iguala Brady: três anéis de campeão aos 28 anos

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O feito conquistado por Mahomes e pelo veterano treinador Andy Reid é especialmente impressionante porque, entre as três equipas que venceram as (agora) três Super Bowls dos Chiefs na última meia dúzia de anos, esta é claramente a equipa menos recheada de talento nas outras posições que não a de quarterback (Patrick Mahomes) e a de tight end (Travis Kelce). Por já não terem vedetas como Tyreek Hill, entre muitos outros, os Chiefs tiveram uma época atribulada mas muitos analistas já tinham avisado que a equipa de Kansas City estava a ficar com a “mão quente” no momento certo.

Para surpresa de alguns, no entanto, os Chiefs começaram nervosos – ao ponto de o espadaúdo Travis Kelce (mais conhecido, por muitos, por ser namorado da cantora Taylor Swift) se irritar com o seu próprio treinador e lhe dar um encontrão que quase o atirou ao chão. Andy Reid, apesar dos 65 anos de idade e da parca agilidade, manteve-se de pé e não valorizou o incidente. Dali a poucos momentos, Travis Kelce estava novamente em jogo.

A noite não começou nada bem para os Chiefs dentro das quatro linhas e isso sentia-se também no banco. Os 49ers, liderados pelo jovem Brock Purdy e pelo running back Christian McCaffrey, conseguiram adiantar-se no marcador com uma jogada surpresa em que não foi Purdy, o quarterback, que fez o passe para touchdown mas, sim, um wide receiver – Jauan Jennings, uma das estrelas da noite.

Já na segunda parte, porém, os Chiefs tiveram o momento que foi decisivo para a viragem do momentum de jogo. Quando os Chiefs continuavam a não conseguir marcar qualquer touchdown, a defesa dos 49ers conseguiu detê-los mais uma vez, travando a ofensiva de Mahomes quase à entrada no último quarter do tempo regulamentar. Os Chiefs não conseguiram as 10 jardas de que precisavam para continuar a progressão no terreno e, por isso, optaram por chutar um punt – um pontapé que normalmente significa a cedência da posse de bola mas numa zona mais favorável do campo.

No entanto, as special teams dos 49ers cometeram um erro crasso que devolveu a bola à ofensiva dos Chiefs e a Patrick Mahomes. Ao bater no chão, a bola tocou no calcanhar de um dos jogadores dos 49ers. E ditam as regras que, tendo tocado num atleta da equipa que recebe o punt, então, é uma “bola viva”, ao dispor de quem a conseguir agarrar. E quem a agarrou foram os Kansas City Chiefs.

Logo na jogada seguinte, os Chiefs quebraram, finalmente, o enguiço, e marcaram o seu primeiro touchdown da noite.

Os Chiefs voltariam a ficar atrás no marcador mas Mahomes, o “rei das reviravoltas”, conseguiu empatar e levar o jogo para prolongamento (19-19). E o tempo adicional até começou com os 49ers no controlo da posse de bola, tendo conseguido marcar um field goal, que lhes valeu três pontos.

No drive seguinte, podia acontecer uma de três coisas: 1) Os Chiefs também conseguiam um field goal, empatando novamente o jogo e, potencialmente, levando-o para segundo prolongamento; 2) Os 49ers conseguiam impedir o avanço dos Chiefs, travando Mahomes e companhia conseguindo um “roubo” de bola ou, simplesmente, impedindo que Kansas City continuasse a obter (pelo menos) 10 jardas num máximo de quatro tentativas (downs) e, dessa forma, fosse progredindo no terreno; ou 3) um touchdown de Kansas City acabava com o jogo e coroava os Chiefs campeões, uma vez mais.

O que aconteceu, pois claro, foi o 3):

Mahomes igualou, assim, o número de anéis de campeão que o lendário Tom Brady já vencera quando tinha sensivelmente a mesma idade (Brady tinha 27 anos em 2005, quando venceu a sua terceira Super Bowl com os Patriots). Tom Brady pendurou as botas com 45 anos mas depois de ganhar, no total, sete anéis de campeão – um registo que ninguém acredita que será repetível por ninguém, na ultra-competitiva NFL. Mas, para Mahomes, o desafio está aceite.