Como em qualquer área da nossa sociedade, desporto e dinheiro seguem de braços dados. Ainda assim, estamos a falar de um setor apelidado de milionário e que, tendencialmente, é conhecido por ter ordenados excessivos e muitos milhões desperdiçados. Há vários pontos que explicam essa tendência, mas o que é certo é que, mesmo dentro do desporto, há modalidades mais bem pagas do que outras. A discrepância chega a ser tanta que, nalguns casos, um atleta que passa pouco tempo em ação em termos oficiais recebe muito mais do que outro que atua de três em três dias.

Este foi um dos pontos concluídos pela reflexão feita por David Skilling no espaço Culture of Sport. No seu texto, o agente desportivo abordou as principais modalidades e aquelas que são mais lucrativas, concluindo que os ordenados dependem mais do próprio desporto do que propriamente do atleta em questão. Outra das ilações aponta para a questão de alguns atletas passarem grande parte do tempo a competir e outros fazerem-no poucas vezes ao longo do ano. Ainda assim, estes valores são, em praticamente todos os casos, impactados por lesões, número de jogos, discussão de troféus e até por motivos externos, como a performance de um carro durante uma corrida.

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Um dos desportos com melhor retorno em termos de tempo-dinheiro é o golfe, modalidade que, nos últimos tempo, passou por várias mudanças. Com a entrada da LIV Golf, financiada pela Arábia Saudita, a estrutura financeira deste desporto sofreu uma grande revolução. Se antes os atletas tinham de passar mais tempo em competição e precisavam de um considerável número de vitórias para terem um ordenado estável, agora passam menos tempo — a LIV tem 14 torneios por ano — e as competições são mais curtas — 54 buracos.

O golfista Dustin Johnson assinou um acordo com a entidade avaliado em cerca de 114 milhões de euros, distribuídos por três a quatro anos, o que se traduz num ordenado anual de mais de 36 milhões e quase três milhões por torneio. Do outro lado do prisma está Scottie Scheffler, um dos principais jogadores do circuito PGA, que ganhou cerca de 20 milhões em prémios durante a temporada, o que equivale a menos de 900 mil euros por torneio. A diferença é substancial – três vezes mais – e indica que é possível ganhar-se mais e competir menos.

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Outro dos desportos mais bem pagos do mundo é o futebol americano e, em particular, a NFL. Os milhões são muitos e os jogos mais curtos, já que a fase regular tem apenas 17 jogos. Ainda assim, o risco de lesão é superior, o que acaba por explicar, em parte, estes montantes. Na NFL, uma estrela como Patrick Mahomes ganha 41 milhões por temporada, o que perfaz cerca de 2,5 milhões por jogo. Já a MLB, outra das grandes ligas norte-americanas, tem, por exemplo, Shohei Ohtani a ganhar 640 milhões ao longo de dez anos, recebendo cerca de 400 mil euros por partida. Na NBA, LeBron James e Stephen Curry ganham cerca de 45 milhões por época, mas têm um grande número de partidas, já que só a fase regular da competição tem 82 jogos. Assim, recebem mais de 600 mil euros por cada jogo.

Incontornavelmente, o futebol é um dos desportos mais chorudos do planeta. Nomes como Cristiano Ronaldo, Lionel Messi e Neymar Jr. têm ordenados na ordem das centenas de milhões de euros mas, em contrapartida, têm longas temporadas pela frente – com cerca de 60 a 70 jogos, nos tempos mais recentes – e competem praticamente a cada três dias. Segundo Skilling, o português e o argentino podem receber cerca de 1,83 milhões por partida, o que perfaz menos de 20 mil dólares por cada 90 minutos de jogo. Apesar de falarmos de números baixos na variante tempo-dinheiro, os salários podem ser superiores devido aos bónus de produtividade e troféus conquistados.

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A Fórmula 1 é outro dos grandes desportos da atualidade. Apesar de ter apenas 24 Grandes Prémios, os pilotos passam grande parte do ano em viagem e estão sujeitos a um grande risco, o que acaba por se refletir nos salários milionários. Max Verstappen, atual campeão do mundo, ganha entre 37 e 55 milhões por ano, recebendo cerca de dois milhões por corrida. Neste panorama está também o boxe, que é considerado, naturalmente, o desporto mais rentável. As lutas são escassas, duram poucos minutos e movimentam centenas de milhões de euros e os pugilistas podem receber uma quantia superior a 50 milhões de euros por cada embate. Se tivermos em conta o histórico combate de exibição entre Floyd Mayweather e Conor McGregor, em 2017, o norte-americano ganhou mais de quatro milhões por cada minuto em que esteve em competição frente ao irlandês.