A fábrica europeia da norte-americana Ford em Saarlouis, na Alemanha, está em maus lençóis. O construtor, que já no passado diminuiu fortemente a sua presença e o investimento no mercado europeu, está a preparar-se para reduzir dramaticamente o potencial de produção desta unidade fabril, uma vez que acabou de acordar com o sindicato germânico IG Metall um corte de 3500 funcionários.



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A decisão deve-se ao fim da produção de um dos modelos mais populares da Ford para o mercado europeu, o Focus, cuja fabricação irá terminar em 2025. O despedimento da esmagadora maioria dos funcionários, uma vez que aparentemente vão ser mantidos cerca de 1000 postos de trabalho, segundo o IG Metall, indicia que o Focus não terá substituto e que não há planos para breve para a fábrica germânica.

O fim da produção do Focus, modelo que representa a marca no segmento C — o mais importante no mercado europeu —, dificilmente pode ser visto com bons olhos, uma vez que o Focus com motores a combustão poderia ser comercializado até 2035 e não é credível que a Ford venha a lançar uma alternativa a partir de 2025. Também não é de esperar que a marca venha a propor um eléctrico a partir desta data, pois teve que adquirir os direitos a utilizar a MEB do Grupo Volkswagen, em troca da base da Ford Ranger para a nova Amarok, para assim ter acesso a uma plataforma dos segmentos C e D que lhe permitisse propor um SUV compacto, nunca tendo sido mencionado nos planos da marca americana um hatchback de dimensões similares ao Focus.

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A fábrica de Saarlouis fica sem modelos para produzir, mas é provável que tudo se deva a uma estratégia da Ford, que pretende conseguir ajudas para suavizar os investimentos. Daí que os próximos modelos eléctricos estejam previstos para a fábrica da marca em Espanha, nomeadamente em Valência, devido aos incentivos que os Governo espanhol está na disposição de avançar.

Entretanto, fruto das negociações com o IG Metall, os 1000 funcionários que ficam para trás na fábrica alemã têm lugar garantido até 2032, mas poderão sair antes por acordo entre partes. Tudo indica que a Ford estará na disposição de pagar para que “desapareçam”, pois tem previsto um fundo considerável para esse objectivo, segundo a Automotive News.

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