Os dados da taxa de abandono escolar precoce em Portugal, recolhidos pelo Instituto Nacional da Estatística (INE), mostraram um aumento para 8%, quebrando a tendência gradual de diminuição que se registava desde 2017. O Ministério da Educação justificou o agravamento daquele indicador, assinalando que “2021 e 2022 foram anos atípicos tanto no abandono escolar como nas taxas de sucesso” devido à pandemia da Covid-19 e que, por isso, não se devia comparar os dados deste ano com os dois últimos.

Em resposta ao jornal Público, o INE veio contrariar esta terça-feira o argumento do Ministério da Educação. “A série de dados disponibilizada sobre o indicador em apreço é comparável no período de 2011 a 2023”, mesmo incluindo “a recente revisão efetuada pelo INE, na sequência dos resultados da análise do impacto da suspensão do modo de recolha durante o período pandémico Covid-19”.

Abandono escolar em Portugal aumenta pela primeira vez desde 2017

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À agência Lusa, após os resultados da taxa de abandonado escolar terem sido divulgados, o gabinete do Ministério da Educação disse considerar que é mais justo fazer uma comparação de 2023 com 2020 para concluir que “a tendência portuguesa se mantém”, voltando a registar-se “uma redução anual da taxa de abandono escolar precoce de cerca de 1% a 1,5% por ano, superior à média europeia”.

O gabinete do ministério da Educação explicou ainda que o INE teve de rever em alta os números de 2021 e 2022, “tendo em conta que o método de recolha apenas por telefone terá levado a uma subestimação do valor”. Não obstante, escreve o Público, o instituto procedeu à revisão das estimativas, depois de ter notado uma “diminuição da taxa de resposta nos trimestres em que a recolha presencial esteve suspensa”.

Ministério da Educação diz que 2021 e 2022 foram “anos atípicos” de abandono escolar

Ainda assim, segundo a interpretação do ministério, houve um aumento de alunos no ensino secundário, por conta da “diversificação de percursos no ensino secundário e a deteção precoce de dificuldades, inerente às estratégias do programa nacional para a promoção do sucesso escolar”. E a tutela salientou ainda que Portugal manteve níveis de abandono escolar precoce abaixo da média europeia e foi “um dos países que mais rapidamente reduziu esta taxa”.