Quando teve aquela arrepiante queda de vários metros numa ravina numa etapa da Volta à Lombardia, que provocou uma fratura na pélvis, uma contusão no pulmão e várias outras feridas, muitos admitiram que ali podia ter chegado ao fim a carreira mais improvável de um dos maiores fenómenos jovens da modalidade. Até o facto de ter estado sem participar em qualquer prova entre agosto de 2020 e maio de 2021 adensou a dúvida. Podia este antigo futebolista que se fartou de ficar no banco de suplentes sendo um dos melhores da sua equipa e passou a apostar mais no ciclismo recuperar o tempo perdido onde estava nesse momento de infortúnio? Podia. E todas as competições daí para a frente acabaram por ser quase um teste a isso mesmo, sendo que a Volta ao Algarve deste ano não seria exceção. Mais uma vez, Remco Evenepoel ganhou.

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Antes da competição que não contava com João Almeida por doença e que perdeu esta sexta-feira Rui Costa por uma queda que provocou uma fratura no ombro, dizia-se e escrevia-se que seria o belga contra todos. Foi assim na subida ao Alto da Fóia, será assim na derradeira ascensão ao Alto do Malhão este domingo. Pelo meio, havia um contrarrelógio de 22 quilómetros em Albufeira para fazer diferenças. Remco, sozinho, foi melhor do que todos. E é assim que chegará ao dia decisivo de amarelo com 48 segundos de vantagem.

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Apesar de não ter conseguido assumir a liderança da classificação geral no Alto da Fóia, com o vencedor de 2023, Daniel Martínez, a ser mais forte na chegada, o belga da Soudal-Quick Step não deu hipóteses num contexto que lhe era favorável como uma etapa de contrarrelógio mais curta, fechando os 22 quilómetros de ligação em 27.09, menos 17 segundos do que o norte-americano Magnus Sheffield (Ineos) e menos 29 do que o antigo campeão europeu e vice-campeão mundial de contrarrelógio, Stefan Küng (Groupama-FDJ). O top 10 da tirada contou ainda com o mexicano Isaac del Toro (UAE Team Emirates, 37”), os italianos Mattia Cattaneo (Soudal-Quick Step, 47”), Filippo Ganna (Ineos, 48”), o irlandês Ben Healy (EF Education, 49”), o colombiano Daniel Martínez (BORA, 52”), o belga Rune Herredodts (Intermarché-Wanty, 58”) e o esloveno Jan Tratnik (Team Visma, 58”). Wout van Aert, que ganhara na véspera, acabou em 11.º.

O triunfo, alcançado uma semana depois de uma exibição de classe no Figueira Champions Classic que lhe valeu a primeira vitória do ano também em solo português, surge numa fase em que estarão a existir alguns problemas entre o corredor, o pai e o empresário Patrick Lefevere em paralelo com más notícias surgidas dos resultados financeiros da Mohawk, empresa que controla a Quick Step, que poderão chegar à capacidade económica da equipa. Em termos desportivos, e após semanas de hipóteses em cima da mesa, está agora certo que Remco Evenepoel vai fazer a estreia no Tour mas sem participar antes no Giro, num calendário diferente daquele que terá por exemplo Tadej Pogacar, que vai estar em Itália e em França.

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Na classificação geral antes da última etapa com chegada ao Alto do Malhão, Remco Evenepoel passou a ter a camisola amarela com 48 segundos de avanço sobre Daniel Martínez e 1.12 sobre Jan Tratnik. Seguem-se Wout van Aert (1.18), Stefan Küng (1.18), Bean Healy (1.21), Thymen Arensman (1.24), Magnus Sheffield (1.35) e António Morgado, português da UAE Team Emirates que subiu ao nono lugar depois de terminar o contrarrelógio na 15.ª posição e é o melhor corredor nacional nesta Volta ao Algarve.