Apesar de ser um do conjuntos com melhores resultados do World Tour e de, em 2023, ter atingido as 55 vitórias, a Soudal – Quick Step esteve em vias de acabar, pelo menos nos moldes conhecidos até então. A equipa esteve perto de entrar na nova época em fusão com os rivais da Jumbo-Visma, manobra que ia permitir juntar os maiores ciclistas do pelotão mundial. No entanto, isso ia significar que muitos ciclistas e membros do staff iam ser dispensados e, em última instância, o World Tour ia perder elementos relevantes.

A abordagem a 2024 por parte da Soudal – Quick Step foi realizada num clima de incerteza e em cima do joelho. A fusão acabou por não avançar. A equipa belga manteve-se nos mesmos moldes e a ter Remco Evenepoel como principal figura. O campeão mundial de contrarrelógio escolheu Portugal para dar início a uma temporada onde se vai estrear no Tour. Depois da vitória na Clássica da Figueira, o ciclista de 24 anos apresentava-se na Volta ao Algarve como um dos principais candidatos a vencer a classificação geral, mas não se podia desvalorizar aquele que mais recentemente o tinha feito: Daniel Martínez. 

Para os candidatos a vestir a camisola amarela no domingo, a chegada ao Alto da Fóia, onde Evenepoel ganhou em 2020, era fundamental. Aí, no mano a mano, Daniel Martínez superiorizou-se. Aquela que é uma das duas etapas de montanha da Volta ao Algarve contava com uma exigente subida final de 7,5 quilómetros com uma meta volante (e respetivas bonificações) pelo meio. Este era um desafio diferente da chegada do primeiro dia, onde Gerben Thijssen foi mais rápido que a concorrência, e que ficou marcado por uma sequência de acidentes que afetou metade do pelotão. Ainda assim, também só no sprint se ficou a saber o desfecho.

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Remco Evenepoel era candidato no Alto da Fóia, mas o lote de favoritos não se ficava por aí. Daniel Martínez (BORA – hansgrohe), o vencedor da Volta ao Algarve em 2023, Wout Van Aert, Sepp Kuss (Team Visma | Lease a Bike) ou Thomas Pidcock (INEOS Grenadiers) podiam ser outros nomes a ter em conta neste teste ao estado das pernas dos trepadores no início da época. Antes do arranque de um momento fulcral da Volta ao Algarve, Geraint Thomas (INEOS Grenadiers) recebeu o Prémio Prestígio por parte da organização da prova.

A fuga formou-se com oito corredores e chegou a estar a mais de cinco minutos do pelotão. Numa prova curta como a Volta ao Algarve, uma distância deste nível acarretava um certo grau de risco, pelo que seria de prever que as equipas com corredores ambiciosos na geral, mais do que à vitória na etapa, encurtassem o espaço. De qualquer modo, existiam conjuntos interessados em fazê-la vingar, especialmente a Uno-X Mobility que colocou Martin Urianstad Bugge no grupo da frente e lhe juntou mais dois corredores, Andreas Leknessund e Jonas Abrahamsen.

A 30 quilómetros do final, o pelotão já estava desfeito em migalhas. Na fuga, também restava pouca gente. Apenas o trio da Uno-X Mobility, Max Walker (Astana Qazaqstan) e Oliver Rees (Sabgal / Anicolor) permaneciam por ali. Andreas Leknessund, como o mais consagrado na ponta da lança, atacou a 17 quilómetros da meta, numa altura em que o terreno inclinado já se fazia sentir, o único que esboçou uma tentativa de perseguição foi Max Walker. No pelotão, a Soudal – Quick Step encarregava-se de fazer subir o ritmo com a Team Visma | Lease a Bike na sua sombra.

Leknessund ainda passou em primeiro na meta volante (seis segundos de bonificação), mas foi entretanto apanhado pelo pelotão. Sepp Kuss (Team Visma | Lease a Bike), Mikel Landa (Soudal – Quick Step), Remco Evenepoel e Daniel Martínez foram os que mais resistência mostraram, sendo que entre os últimos dois se discutiu a vitória ao sprint. O colombiano deixou o belga para trás e mostrou as credenciais de quem venceu a Volta ao Algarve no ano passado e volta agora a vestir a camisola amarela. António Morgado, da UAE Team Emirates, foi o melhor português, terminando do 11.º lugar.