“Morte súbita”, “coágulo sanguíneo”, “envenenamento”, “reanimação” e “ocultação do corpo”. Há muito que se sabe e outro muito que não se conhece sobre a morte de Alexei Navalany. O timming, semanas antes das eleições presidenciais da Rússia, marcadas para 17 de março, deixa mais do que suspeitas no ar, com vários líderes mundiais a apelarem a uma investigação independente.

O principal opositor de Putin retornou à Rússia em 2021, já depois de uma tentativa de envenenamento falhada, e foi quase de imediato preso por acusações que  sempre rejeitou. Foi condenado a 19 anos de prisão em agosto passado, depois de ter sido considerado culpado de criar um grupo extremista, financiar ativistas radicais e outros crimes relacionados com o seu ativismo e oposição ao presidente russo. No final de dezembro, foi transferido para uma prisão no Ártico conhecida por ter das condições mais severas do mundo, com temperaturas negativas e, como relatado pelo próprio, os reclusos terem apenas dez minutos para fazer uma refeição.

O que se sabe sobre a morte de Navalny

As primeiras informações, conhecidas na manhã de sexta-feira, indicavam que Alexei Navalny se sentiu mal após uma caminhada e ficou inconsciente na prisão da cidade de Kharpa, a cerca de 1.900 km a nordeste de Moscovo, onde estava a cumprir pena de prisão desde final de dezembro do ano passado. O relato oficial dos serviços prisionais indica a deslocação de uma ambulância ao local e uma tentativa de reanimação sem sucesso.

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A morte foi anunciada pelo Serviço Penitenciário Federal do Distrito Autónomo de Yamalo-Nenets às 14h19 de 16 de fevereiro, hora de Moscovo. “Quando o advogado e a mãe de Alexei chegaram à colónia esta manhã, foi-lhes dito que a causa da morte de Navalny era a síndrome da morte súbita“, informou este sábado Ivan Zhdanov, porta-voz da fundação anticorrupção do ativista russo. O síndrome apontado como causa da morte é um termo vago para diferentes síndromes cardíacas que causam paragem cardíaca súbita e morte.

Além disso, como cita a Reuters, uma fonte não identificada revelou à agência estatal RT que Navalny morreu devido a um coágulo sanguíneo. Esta segunda-feira de manhã, a mulher de Alexei Navalny acusou as autoridades russas de terem utilizado Novichok, um agente nervoso, para assassinar o opositor do Presidente russo.

O que não se sabe sobre a morte de Navalny

Fica claro que não existe uma determinação oficial da causa da morte de Navalny, segundo foi comunicado à mãe e advogados do ativista esta segunda-feira. A principal prova para que a verdade seja revelada são mesmo os restos mortais de Alexei e uma autópsia independente.

Até ao momento, também não é conhecido o paradeiro do corpo do opositor russo de Vladimir Putin. Segundo o The Guardian, a Novaya Gazeta citou fontes não identificadas que disseram que o corpo tinha sido levado para a morgue do Hospital Clínico do distrito de Salekhard, na Rússia. Ainda não se sabe quando será realizada a autópsia e alguns meios de comunicação social russos estão a avançar que uma equipa especial de investigadores terá chegado de Moscovo para participar no processo.

A mãe de Navalny, Lyudmila Navalnaya, e o seu advogado deslocaram-se no fim de semana à célebre colónia penal “Lobo Polar” IK-3, no norte ártico da Rússia, com o intuito de localizar o corpo, mas receberam informações contraditórias de várias instituições sobre a sua localização e partiram sem recuperar ou ver os restos mortais do ativista. Citada pela Reuters, a porta-voz de Navalny, afirmou: “Estão a fazer-nos andar em círculos e a encobrir os seus rastos.”

Num vídeo publicado esta segunda-feira, a mulher de Alexei Navalny, Yulia Navalnaya, acusa as autoridades de recusarem acesso ao corpo do marido para que os vestígios do agente nervoso — Novichok — desapareçam, avança a Sky News. A mulher de Navalny acrescentou que irá identificar os responsáveis e a razão pela qual foi assassinado. Na mesma mensagem, Yulia assegurou que vai continuar o trabalho e missão de Alexey Navalny.