Há uma semana, depois da derrota contra o Bayer Leverkusen, era um problema. Há uns dias, depois da derrota contra a Lazio, era uma fase. Esta segunda-feira, depois da derrota contra o Bochum, é uma crise. O Bayern Munique leva atualmente três derrotas consecutivas, duas na Bundesliga e uma na Liga dos Campeões, e a ideia de que Thomas Tuchel pode não terminar a temporada é cada vez mais uma realidade.
Com a derrota desde domingo em casa do Bochum, o Bayern ficou a oito pontos da liderança do Bayer Leverkusen. Os bávaros até começaram a ganhar, com um golo de Jamal Musiala à passagem do quarto de hora inicial, mas permitiram a reviravolta ainda antes do intervalo e sofreram o xeque-mate já na segunda parte, com Harry Kane a marcar de forma quase inconsequente já nos instantes finais. Pelo meio, Upamecano cometeu um penálti decisivo e foi expulso pela segunda vez consecutiva, já que tinha acontecido exatamente o mesmo a meio da semana contra a Lazio.
???????? Bayern plan to keep going with Thomas Tuchel after internal discussion tonight.
Tuchel: “I feel the support, I know my relationship with CEO Dreesen and how we work together”.
“He knows how much this situation annoys me and how much we are investing”. pic.twitter.com/er7XFQObuX
— Fabrizio Romano (@FabrizioRomano) February 18, 2024
No fim do jogo — que esteve interrompido em duas ocasiões devido a protestos das bancadas contra a decisão da Liga de vender parte dos direitos comerciais a privados –, Joshua Kimmich discutiu com o adjunto, os adeptos não prenderam os assobios e os apupos e a comunicação social alemã apressou-se a indicar que a cúpula do Bayern iria reunir ainda na noite de domingo para decidir o futuro de Thomas Tuchel.
O treinador não deu a habitual conferência de imprensa de rescaldo, surgindo apenas na obrigatória flash interview, mas a decisão da estrutura do clube foi não avançar desde já para o despedimento do alemão. De acordo com o The Athletic, o Bayern prefere manter Tuchel e esperar pelo fim da temporada para rescindir com o treinador e aproveitar estes meses para preparar um novo projeto — uma opção que pode mudar em caso de eliminação da Liga dos Campeões nos oitavos de final, contra a Lazio, ou uma sequência de maus resultados na Bundesliga.
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Ainda este domingo, o CEO do Bayern atirou um simples “claro” quando questionado sobre se Thomas Tuchel estará no banco no próximo jogo, contra o RB Leipzig, mas sublinhou precisamente a volatilidade dessa mesma decisão. “Não acredito em declarações de apoio monstruosas aos treinadores. Sei o que querem ouvir, mas estes juramentos de fidelidade acabam ao fim de uma semana. É por isso que estou a dizer as coisas à minha maneira. Não é uma questão com que estejamos a lidar neste momento. Temos de nos concentrar nos próximos jogos”, explicou Jan-Christian Dreesen.
Na tal flash interview que ainda deu, o treinador alemão garantiu que “não vale a pena” preocupar-se com a possibilidade de ser despedido e que o jogo contra o Bochum aconteceu “na base da lei de Murphy”. “Tudo esteve contra nós. Hoje não posso culpar os meus jogadores. Se voltássemos a disputar este jogo, existia uma enorme probabilidade de o conseguirmos ganhar. Título? Na época passada acreditámos até ao fim e resultou, vamos fazer o mesmo”, disse Tuchel, que chegou ao clube para substituir Julian Nagelsmann há cerca de um ano e tem contrato até junho de 2025.
Mas Leon Goretzka, internacional alemão, não foi tão otimista. “Parece um filme de terror que nunca acaba. Cometemos muitos erros individuais. Temos de questionar tudo, neste momento. Ganhar o Campeonato? Neste momento, digo que não. Estou a ser honesto”, atirou o jogador, numa dissonância de discurso que o The Athletic garante que está relacionada com o facto de Thomas Tuchel já ter perdido o balneário e não ter uma boa relação com o grupo.
Entretanto, o site norte-americano também indica que o Bayern Munique contactou Hansi Flick nos últimos dias, numa tentativa de perceber se o antigo treinador estaria disponível para ser um substituto de emergência se Tuchel fosse despedido de imediato, mas que os maus resultados como selecionador da Alemanha (e o facto de muitos internacionais alemães estarem no plantel) afastaram a hipótese.
De forma óbvia e até expectável, a preferência da cúpula bávara na hora de contratar um novo treinador em junho recai num nome: Xabi Alonso, atualmente no líder Bayer Leverkusen, antigo jogador do clube e também associado à sucessão de Jürgen Klopp no Liverpool. Nas últimas semanas, porém, também José Mourinho foi apresentado como possibilidade, com o jornal Bild a garantir até que o português já estava a aprender alemão.