Há uma semana, depois da derrota contra o Bayer Leverkusen, era um problema. Há uns dias, depois da derrota contra a Lazio, era uma fase. Esta segunda-feira, depois da derrota contra o Bochum, é uma crise. O Bayern Munique leva atualmente três derrotas consecutivas, duas na Bundesliga e uma na Liga dos Campeões, e a ideia de que Thomas Tuchel pode não terminar a temporada é cada vez mais uma realidade.

Com a derrota desde domingo em casa do Bochum, o Bayern ficou a oito pontos da liderança do Bayer Leverkusen. Os bávaros até começaram a ganhar, com um golo de Jamal Musiala à passagem do quarto de hora inicial, mas permitiram a reviravolta ainda antes do intervalo e sofreram o xeque-mate já na segunda parte, com Harry Kane a marcar de forma quase inconsequente já nos instantes finais. Pelo meio, Upamecano cometeu um penálti decisivo e foi expulso pela segunda vez consecutiva, já que tinha acontecido exatamente o mesmo a meio da semana contra a Lazio.

No fim do jogo — que esteve interrompido em duas ocasiões devido a protestos das bancadas contra a decisão da Liga de vender parte dos direitos comerciais a privados –, Joshua Kimmich discutiu com o adjunto, os adeptos não prenderam os assobios e os apupos e a comunicação social alemã apressou-se a indicar que a cúpula do Bayern iria reunir ainda na noite de domingo para decidir o futuro de Thomas Tuchel.

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O treinador não deu a habitual conferência de imprensa de rescaldo, surgindo apenas na obrigatória flash interview, mas a decisão da estrutura do clube foi não avançar desde já para o despedimento do alemão. De acordo com o The Athletic, o Bayern prefere manter Tuchel e esperar pelo fim da temporada para rescindir com o treinador e aproveitar estes meses para preparar um novo projeto — uma opção que pode mudar em caso de eliminação da Liga dos Campeões nos oitavos de final, contra a Lazio, ou uma sequência de maus resultados na Bundesliga.

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Ainda este domingo, o CEO do Bayern atirou um simples “claro” quando questionado sobre se Thomas Tuchel estará no banco no próximo jogo, contra o RB Leipzig, mas sublinhou precisamente a volatilidade dessa mesma decisão. “Não acredito em declarações de apoio monstruosas aos treinadores. Sei o que querem ouvir, mas estes juramentos de fidelidade acabam ao fim de uma semana. É por isso que estou a dizer as coisas à minha maneira. Não é uma questão com que estejamos a lidar neste momento. Temos de nos concentrar nos próximos jogos”, explicou Jan-Christian Dreesen.

Na tal flash interview que ainda deu, o treinador alemão garantiu que “não vale a pena” preocupar-se com a possibilidade de ser despedido e que o jogo contra o Bochum aconteceu “na base da lei de Murphy”. “Tudo esteve contra nós. Hoje não posso culpar os meus jogadores. Se voltássemos a disputar este jogo, existia uma enorme probabilidade de o conseguirmos ganhar. Título? Na época passada acreditámos até ao fim e resultou, vamos fazer o mesmo”, disse Tuchel, que chegou ao clube para substituir Julian Nagelsmann há cerca de um ano e tem contrato até junho de 2025.

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Mas Leon Goretzka, internacional alemão, não foi tão otimista. “Parece um filme de terror que nunca acaba. Cometemos muitos erros individuais. Temos de questionar tudo, neste momento. Ganhar o Campeonato? Neste momento, digo que não. Estou a ser honesto”, atirou o jogador, numa dissonância de discurso que o The Athletic garante que está relacionada com o facto de Thomas Tuchel já ter perdido o balneário e não ter uma boa relação com o grupo.

Entretanto, o site norte-americano também indica que o Bayern Munique contactou Hansi Flick nos últimos dias, numa tentativa de perceber se o antigo treinador estaria disponível para ser um substituto de emergência se Tuchel fosse despedido de imediato, mas que os maus resultados como selecionador da Alemanha (e o facto de muitos internacionais alemães estarem no plantel) afastaram a hipótese.

De forma óbvia e até expectável, a preferência da cúpula bávara na hora de contratar um novo treinador em junho recai num nome: Xabi Alonso, atualmente no líder Bayer Leverkusen, antigo jogador do clube e também associado à sucessão de Jürgen Klopp no Liverpool. Nas últimas semanas, porém, também José Mourinho foi apresentado como possibilidade, com o jornal Bild a garantir até que o português já estava a aprender alemão.