O escritório europeu da Organização Mundial da Saúde (OMS) instou esta quinta-feira a uma resposta urgente contra o efeito que o surto de sarampo no continente pode ter em milhões de crianças, depois de registar o mais elevado número de casos em anos.
Mais de 58 mil casos foram registados em 41 dos 53 países da região — que inclui a Rússia e zonas da Ásia Central —, um aumento de 30% em termos homólogos, além de milhares de hospitalizações e uma dezena de mortes.
“Os últimos números de 2023 representam um rápido aumento em comparação com os três anos anteriores e um risco para qualquer pessoa na região que não esteja protegida. São necessários esforços prolongados para prever que os casos continuem a aumentar em 2024”, alertou, em comunicado, a OMS.
Quase metade dos casos registados correspondem a crianças menores de cinco anos, o que reflete o “enorme” impacto da pandemia de Covid-19 nos sistemas de saúde e a perda de rotinas de vacinação para doenças evitáveis, que afetou quase 1,2 milhões de crianças.
“À medida que o vírus continua a espalhar-se em muitas partes da região, a deteção atempada e uma resposta rápida são decisivas para evitar uma nova escalada e garantir o progresso no sentido da eliminação desta doença altamente contagiosa”, afirmou o diretor da OMS-Europa, Hans Kluge.
A OMS lembra, que embora 33 dos países da região europeia tenham conseguido eliminar o sarampo em 2022, esta conquista é “frágil”, uma vez que a importação de casos num contexto de aumento global é “quase inevitável”.
A organização tinha alertado há dois dias, a partir da sua sede em Genebra, para um aumento geral a nível mundial, avisando que mais de metade dos países correm risco “alto ou máximo” de surtos de sarampo.
Segundo a OMS, o número de casos de sarampo declarados no mundo aumentou 79% em 2023, para mais de 306 mil casos.
Uma vez que em muitas situações as infeções e mortes não são notificadas ou não são associadas ao sarampo, a OMS estima que, na realidade, houve 9,2 milhões de contágios e mais de 136 mil mortes em 2022 (o que representa neste último caso um aumento de 43% de óbitos face a 2021).
De acordo com a OMS, 92% das crianças que morrem de sarampo vivem em países que representam 24% da população mundial, a maioria deles pobres.
A organização salienta que a prevenção do sarampo a nível mundial implica que 95% das crianças recebam duas doses da vacina.