Ameaças, ameaças e ameaças. Ao longo dos últimos dias, foram muitas as conversas e provocações nas redes sociais entre adeptos de Benfica e Sporting antes dos dérbis em Alvalade no futebol e no futsal (segunda-feira à noite). Também por isso, as autoridades policiais, sobretudo as equipas de spotters, partiam para este jogo com uma especial atenção a tudo o que pudesse acontecer nas imediações do estádio, com alguns cuidados especiais como o facto de o acesso através da Alameda das Linhas de Torres para a Rotunda do Leão estar cortado e com polícia de choque por perto para evitar problemas nessa zona. No entanto, a noite voltou a ser marcada por confrontos entre adeptos, com alguns feridos (pelo menos um com assistência médica).

O primeiro grande foco de confrontos, o maior de todos, aconteceu por volta das 19h30 na zona de roulotes junto ao acesso ao estádio vindo de Telheiras. Com centenas de adeptos a comerem e conviverem antes do jogo num local que funciona para muitos como ponto de encontro para seguir para o recinto a cerca de uma hora do início, um grupo de casuais do Benfica conseguiu furar o controlo das autoridades, chegou aí passando pelas traseiras na rua que dá acesso ao Colégio Alemão até à rua principal de Telheiras que dá depois acesso ao estádio e lançou o caos: atiraram pedras e garrafas, enviaram tochas e seguiram a correr para o outro lado da estrada que dá acesso a ruas interiores de Telheiras para se refugiarem.

Dezenas e dezenas de pessoas, entre as quais muitas famílias e crianças, tentaram fugir a toda a confusão que aumentara não só pela reação dos adeptos leoninos ao ataque mas também pela chegada à pressa de polícia de choque e mais tarde spotters e foram em direção à parte de baixo do viaduto da Avenida Padre Cruz (que estava com gente nessa altura porque os autocarros das equipas tinham chegado e a polícia tinha deixado a partir daí que a circulação se pudesse fazer pela zona lateral ao Edifício Visconde de Alvalade). Houve mais garrafas atiradas, muitas tochas e pedras, mas as autoridades conseguiram separar adeptos, ficando com os encarnados numa rua interior de Telheiras e criando um cordão de segurança nos verde e brancos.

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O ambiente começou depois a serenar, com alguns adeptos a questionarem o porquê de ter havido uma carga para a zona das roulotes e não na direção contrária tendo em conta que todas aquelas pessoas já estavam ali antes da chegada dos casuais do Benfica. No entanto, haveria mais confusão depois dessa aparente acalmia, numa altura em que a única coisa que as autoridades pediam era que quem passasse com adereços do Benfica pudessem guardar os mesmos até chegarem ao estádio para evitarem mais problemas, sendo que dos feridos resultantes desses confrontos apenas um, ligado aos visitantes, que ficou para trás sozinho na passagem pelas rouloutes onde estavam os adeptos leoninos, recebeu depois assistência médica.

Os spotters conseguiram aperceber-se das movimentações de outro grupo de casuais que pretendia fazer uma entrada semelhante ao primeiro, passando pelas ruas paralelas por trás a essa das roulotes para passarem de surpresas pelo local e encontrarem depois refúgio mais à frente, tendo sido criada uma mini caixa de segurança para que chegassem a Alvalade sem qualquer tipo de problemas. Aí, os adeptos leoninos não esqueceram o que se tinha passado e arremessaram tudo o que tinham à mão entre garrafas, pedras e tochas antes da chegada de reforço policial que estancou esse tumulto e “limpou” a zona. Com apenas alguns minutos de diferença, o primeiro grupo de casuais que ficara “neutralizado” numa rua de Telheiras longe de tudo e todos foi conduzido em caixa de segurança para a entrada dos adeptos visitantes em Alvalade mas as provocações verbais de ambas as partes levaram a nova vaga de arremesso de objetos.