Uma decisão “surpreendente”, que vai diminuir a resposta às populações e ter um impacto negativo. É desta forma que a Ordem dos Médicos reage à decisão da Direção Executiva do SNS (DE-SNS) de retirar sete Unidades Locais de Saúde da lista de unidades hospitalares que realizam cirurgias ao cancro de mama.
Para a Ordem dos Médicos, a decisão, que vai vigorar a partir de abril (e que retira competência nesta área às ULS do Oeste, Cova da Beira, Guarda, Castelo Branco, Baixo Mondego, Barcelos/Esposende e Nordeste) “contribui para reduzir a acessibilidade das populações, em particular em zonas mais periféricas, onde o acesso a cuidados de saúde diferenciados já é mais reduzido”, para além de obrigar as pessoas “a deslocações desnecessárias”
Em comunicado, organismo liderado por Carlos Cortes lamenta não ter sido ouvido pela DE-SNS numa decisão que considera “relevante” e de “decisão técnico-científica” e sublinha que o fim das cirurgias em sete unidades do SNS “surpreendeu os presidentes dos Colégios de Especialidade de Cirurgia Geral, Jorge Paulino, de Ginecologia/Obstetrícia, José Furtado, e de Oncologia Médica, Luís Costa”.
Direção Executiva falhou em várias frentes, diz bastonário da Ordem dos Médicos
A Ordem dos Médicos alerta ainda que a decisão tomada desincentiva a fixação de médicos nas zonas mais periféricas — onde a falta de profissionais se vem agravando. “A DE-SNS está a afastar os médicos especialistas que vêem reduzida a sua atividade diferenciada, comprometendo a formação médica completa nestas ULS”. “Algumas destas ULS já apresentam limitações em vários serviços e dificuldades em reter médicos, situação que pode ser agravada com esta determinação”, vinca o organismo
Por outro lado, diz a Ordem dos Médicos, “coloca ainda mais pressão sobre os hospitais centrais e distritais”,
Salientando que desconhece o documento com as novas diretrizes da DE-SNS, a Ordem dos Médicos “alerta para a necessidade de garantir a capacidade das Unidades hospitalares para onde serão encaminhados estes doentes, para os receber e tratar, muitas delas atualmente com dificuldades de resposta atempada nesta área”.
Recorde-se que, esta quinta-feira, o jornal Público noticia a determinação da Direção Executiva do SNS de retirar competência na cirurgia ao cancro da mama aos centros de tratamento com menos de cem cirurgias/ano e que tenham menos de dois cirurgiões dedicados a esta área. A entidade, liderada por Fernando Araújo, justifica a decisão com a necessidade de concentrar as cirurgias em hospitais com que garantam “experiência, qualidade e segurança”, de forma a “trazer equidade às utentes nas várias regiões do país”.
No entanto, para a Ordem dos Médicos, a decisão é “surpreendente”, numa área em que Portugal “é um exemplo internacional pelos bons resultados obtidos”.