Quando o FC Porto estava sob fogo, a resposta não poderia ter sido mais categórica. Pressionado no clássico frente ao Benfica onde perder pontos poderia significar um atraso decisivo na corrida pelo título (ou por um dos dois primeiros lugares do Campeonato), o conjunto azul e branco arrancou uma das melhores exibições da temporada e conseguiu a maior goleada de sempre frente aos encarnados em jogos para a Primeira Liga, igualando o 5-0 de 2010/11 quando André Villas-Boas era treinador. No dia seguinte, Pinto da Costa falou ao jornal O Jogo não só sobre o triunfo diante do rival mas também de outros temas da vida dos dragões, com a revelação de um papel escrito à mão que foi a mensagem deixada aos jogadores antes da partida.
Galeno, o jogador de mão cheia que enche as medidas de Sérgio (a crónica do FC Porto-Benfica)
“Há coisas que a quem sabe nunca esquecem
Nadar
Andar de bicicleta
Jogar futebol
Hoje lembrem-se do que sabem. Joguem com cabeça, com coração e com o espírito do vosso treinador, o espírito do Dragão, e logo todos estaremos felizes! Boa sorte”
“A equipa está bem, temos um treinador fantástico, há um grande espírito de grupo. Este é o FC Porto que eu quero, este é o nosso FC Porto, de todos. Foi uma exibição perfeita contra uma equipa que é muito forte. Até pareceu fraca porque nós não a deixámos jogar mas é uma equipa forte, com a defesa menos batida do Campeonato. Olhando para a classificação, o melhor é o Sporting, depois o Benfica, depois o FC Porto, depois o Sp. Braga. Mas quem viu o jogo percebe que, em condições normais, essa não seria a nossa posição. Basta lembrar o que se passou no Bessa, em que empatámos o jogo com um penálti escandaloso por marcar, o que se passou com o Rio Ave, com um penálti que foi recusado indevidamente e outros fatores que não queria estar a mencionar… Uma série de jogos que ditaram essa diferença”, comentou, dizendo que este 5-0 tem mais valor tendo em conta a “equipa fabulosa” de 2010/11 e a “equipa jovem” de agora.
“Para já, o que quero é seguir na Liga dos Campeões. Depois, ganhar todos os nossos jogos e ver o que é que dá. Agora, o que o FC Porto demonstrou é que é muito superior do Benfica, acho mesmo que qualquer zarolho vê isso…”, prosseguiu Pinto da Costa, falando depois sobre uma possível continuidade de Sérgio Conceição no comando da equipa: “Já conversei com ele, no tempo certo diremos o que conversámos, mas não vou fazer do Sérgio um trunfo eleitoral. Estou confiante que continuará, está entusiasmado com o projeto e ainda agora se viu a incitar o público. Queria o nosso sexto golo, quer sempre mais”.
Já numa perspetiva mais de candidato do que presidente, Pinto da Costa recusou que o período eleitoral venha a mexer com o rendimento da equipa e explicou o porquê de, ao contrário do que tem sido habitual nas últimas quatro décadas, fazer questão de apresentar programa e listas. “Acho que é preciso renovar e as pessoas devem acompanhar isso. Continuo a perguntar: querem mudar para quê? Pegando neste fim de semana, para o andebol não marcar 48 golos? Para o voleibol não ganhar dois jogos importantes para o Campeonato? Para o hóquei não ganhar 6-2? Para o basquetebol não ganhar por cento e tal ao Esgueira [45-104]? Para o FC Porto não dar 5-0 ao Benfica? O que querem mudar? Querem perder? Se quiserem, mudem. Se sinto os portistas do meu lado? Sim, tenho sentido isso constantemente”, sublinho o líder dos dragões.
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“Confiança para as eleições? Não é um assunto que me preocupe, não quero encher o Museu de extratos bancários. Tenho de ter as contas corretas que me permitam continuar a encher o Museu de taças mas não faço disso uma obsessão. Acho interessante que pessoas que não percebem nada de contas fale agora de capitais próprios. O FC Porto e a SAD são feitas para ganhar e essa é a minha prioridade. Nunca vi a Avenida dos Aliados, com os associados que vivem mesmo o clube sem estar a pensar em cargos, encher para festejar os 35 milhões de lucro. Ninguém foi, as pessoas vibram é com vitórias”, concluiu Pinto da Costa.