O recorde da maior série de vitórias consecutivas no futebol profissional ainda pertence aos modestos galeses do The New Saints (27) mas para Jorge Jesus, que no comando dos sauditas do Al Hilal levava 25 triunfos de seguida, uma das maiores referências como treinador tornava-se agora a principal referência para o treinador neste particular: o Ajax. Entrando no top 3 das maiores sequências de sucesso com o triunfo diante do Al-Ittihad para a Liga, o conjunto de Riade igualou uma dessas séries do Ajax, neste caso a de 1995 quando os neerlandeses foram campeões europeus pela última vez; agora, seguia-se a tentativa de igualar uma outra sequência do conjunto de Amesterdão com Johann Cruyff e companhia, em 1971/72 (26).

O primeiro recorde do Ajax está alcançado: Al Hilal vence Al-Ittihad e Jesus faz terceira melhor série de vitórias consecutivas de sempre

Por sortilégio do calendário, o Al Hilal voltava a defrontar em casa o campeão saudita Al-Ittihad, neste caso a contar para a primeira mão dos quartos da Liga dos Campeões asiática, que tiveram na véspera uma derrota do Al Nassr de Ronaldo e companhia diante do Al Ain nos EAU. No entanto, o antigo técnico de Benfica e Sporting pedia para que esse primeiro triunfo com o conjunto de Marcelo Gallardo, argentino que substituiu Nuno Espírito Santo na formação de Jeddah e que perdeu uma eletrizante final da Taça dos Libertadores frente a Jesus quando estava no River Plate e o português comandava o Flamengo, fosse esquecido.

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“O jogo da Champions será diferente do jogo da liga. Até porque este não será decisivo, uma vez que ainda há a segunda mão. Temos que ter calma e confiança mas também respeito pelo adversário. Só há uma forma de conseguirmos mais e mais, é focarmo-nos no nosso trabalho. A nossa estratégia em torno dos aspetos táticos e técnicos é atualizada ao longo do tempo e isso deve-se às qualidades dos jogadores que temos. Estrangeiros? Os cinco nomes convocados vão ser conhecidos após o treino”, comentara na antevisão.

Jesus falava de um jogo diferente mas o início teve alguns pontos em comum com a partida do Campeonato, com o Al-Ittihad a ter uma entrada positiva apesar de ter sido Salem Al-Dawsari a desperdiçar a primeira grande oportunidade sozinho na área (7′). O que mudou? Não houve golos. Zakaria Al Hawsawi e Hamdallah tiveram ameaças mas não conseguiram “ferir” a defesa do conjunto de Riade, que aos poucos foi agarrando no controlo do jogo, jogou com as linhas mais subidas em posse e fez a diferença num ápice com dois golos em apenas três minutos: Mitrovic sofreu uma grande penalidade que converteu aos 40′, Al-Dawsari concluiu uma saída rápida conduzida por Malcolm após um grande passe na profundidade que fez o 2-0 aos 42′. A maturidade do Ah Hilal voltava a imperar, com uma vantagem confortável para ser gerida.

Foi isso que aconteceu mesmo ao longo dos últimos 45 minutos, com Jorge Jesus a mostrar que montou a equipa com traços mais europeus nesta Liga dos Campeões asiática apesar de neste caso só poder utilizar cinco dos estrangeiros que tem no plantel (por isso, Bono, Renan Lodi ou Michael não entraram na ficha). E se as coisas estavam a ser geridas com grande acalmia e um ritmo mais baixo, a expulsão com vermelho direto de N’Golo Kanté aos 65′ reforçou essa vantagem do Al Hilal sobre o Al-Ittihad. Se na década de 90 o então jovem técnico português estagiou em Barcelona com Johan Cruyff, agora, mais de 30 anos depois, veio a igualar nessa função o recorde que o avançado neerlandês tinha liderado no Ajax em 1971/72, ficando apenas a um triunfo de chegar à maior série de sempre de triunfos consecutivos com direito a Guinness Book.