Antes do encontro, o histórico do FC Porto a jogar em Inglaterra era tudo menos brilhante e essa má regra voltou a não conhecer exceção: em 23 encontros realizados em solo inglês, os azuis e brancos continuam sem saber o que é ganhar entre três empates e 20 derrotas e a única vez que conseguiram um triunfo diante de ingleses fora nas competições europeias foi em… Sevilha (Chelsea, 2021). No entanto, e quando terminaram os 90 minutos, esse plano das contas do passado virara a favor dos dragões. Porquê? Porque nas outras duas ocasiões com Sérgio Conceição em que a equipa foi a prolongamento nos oitavos da Champions, ganhou à Roma e à Juventus. Porque nas outras duas ocasiões em que o Arsenal jogou um tempo extra diante de equipas portuguesas, perdeu com o Benfica e com o Sporting. No final, e aí, houve exceção à regra.

Pepe, o gigante que ficou a 11 metros de um céu que fez por merecer (a crónica do Arsenal-FC Porto)

Nos últimos oito desempates nas grandes penalidades, o FC Porto perdeu sempre, sendo necessário recuar até à longínqua época de 2009/10 para ver o último triunfo na Taça de Portugal frente ao Belenenses no Restelo (curiosamente numa noite que ficou mais conhecida pelas agressões entre Sá Pinto e Liedson no balneário do Sporting depois de uma partida em Alvalade com o Mafra). Com isso, e depois de duas defesas de David Raya às tentativas de conversão de Wendell e Galeno, os azuis e brancos caíram pela oitava vez consecutiva em eliminatórias contra formações inglesas e levam apenas três triunfos em 14 confrontos, o último dos quais com o famoso golo de Costinha em Old Trafford frente ao Manchester United em 2004.

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Em quatro partidas no Emirates, o FC Porto perdeu sempre e continua sem marcar qualquer golo frente aos gunners na condição de visitante, sendo que manteve-se também a malapata dos azuis e brancos em oitavos da Liga dos Campeões, onde passando ou não os portistas nunca ganharam fora (quatro empates e dez derrotas). Uma realidade que ganhou outro peso pela derrota nas grandes penalidades que tirou mais um objetivo desportivo aos dragões na presente temporadas mas nem por isso tirou o orgulho na equipa a Sérgio Conceição, técnico portista que terminou o encontro num clima de tensão com Mikel Arteta.

“Foi inglório perder o acesso aos quartos desta forma, fomos superiores. O jogo merecia acabar com empate. Fomos a prolongamento, houve uma ou outra situação da nossa parte. Eles com cantos, uma ou outra bola parada… O Arsenal fez 13 golos nos últimos jogos e nós conseguimos contrariar com rigor. Se fossemos felizes em alguns momentos na área teríamos acabado o jogo logo nos 90 minutos e passado a eliminatória”, salientou o treinador dos azuis e brancos na zona de entrevistas rápidas da DAZN Portugal.

O que se passou com o Arteta? O que ele diz ou não diz… Durante o jogo virou-se para o banco em espanhol e insultou a minha família. No final disse-lhe que quem insultou já não está entre nós. Que se preocupe em treinar a equipa que tem muita qualidade para jogar mais”, explicou.

“O que faltou? Nem foi tanto nessa segunda fase de construção, mas mais no último terço. Sabíamos que iam pressionar, sabíamos que o resultado a meio estava a nosso favor. Estrategicamente jogámos de forma mais direta, porque sabíamos que iam entrar fortes e com pressão. Dificulta a tarefa dos adversários. Neste nível um pormenor, um erro defensivo, dá um golo ao adversário. Tivemos situações que podíamos ter definido de outra forma. Os jogadores estão de parabéns, foi um jogo fantástico, com uma demonstração de grande equipa. Nos dois jogos éramos a equipa que merecia passar”, prosseguiu Sérgio Conceição, falando depois na conferência de imprensa numa “eliminação inglória num jogo que dignificou o futebol português”.

Também Pepe, que voltou a fazer um encontro monstruoso sem nunca apresentar qualquer queixa física até aos 120 minutos, lamentou a derrota nos penáltis entre pontos positivos que retirou na análise a todo o jogo. “Temos de agradecer em primeiro lugar aos nossos adeptos, é incrível o que eles fizeram aqui e o que já tinham feito no Estádio do Dragão. É uma pena cair assim e ser eliminado mas faz parte do futebol. Fomos uma equipa que criou muitas dificuldades ao Arsenal, ganhámos em nossa casa e hoje eles fizeram o golo num dos poucos remates enquadrados. Tenho de dar os parabéns aos meus companheiros, porque foram verdadeiros dragões, fizeram o que o treinador pediu. Infelizmente, aqui ou ali, se tivéssemos definido melhor, poderíamos ter feito um golo. No prolongamento, o FC Porto foi a única equipa que rematou à baliza. Foi um grande jogo da nossa parte mas não conseguimos passar a eliminatória”, referiu.

“O que faltou? Era ter marcado os golos nos penáltis… As duas equipas trabalharam bastante, neutralizámos muito o jogo do Arsenal, que é uma grande equipa e que na Premier marca muitos golos. Viemos cá fazer o nosso jogo, neutralizámos o jogo entre linhas do Ödegaard. A equipa teve uma postura muito madura dentro de campo, a saber o que estava a fazer, mas não conseguimos marcar. Temos de tentar resolver o jogo nos 90 ou nos 120 minutos, se tiver de ser. Também houve o desgaste de uma época que tem sido difícil mas a equipa teve sempre o espírito dentro de campo, sempre ligados ao jogo e os que entraram sabiam o que fazer. Segredo aos 41 anos? Sou apaixonado por este desporto. Sou um privilegiado, faço aquilo que amo e dedico-me muito a esta profissão. Procuro sempre cuidar-me”, acrescentou o central à DAZN Portugal.