É mais um socialista a defender uma postura responsável por parte do PS. Álvaro Beleza, que foi o mandatário nacional do PS, defende que “nas questões essenciais para o regime terá sempre que existir diálogo com o PSD”, mas sobre a aprovação de um Orçamento do Estado diz que “ainda falta muito tempo, ainda vamos todos a banhos”.

Sem querer “pôr o carro à frente dos bois”, Álvaro Beleza empurra uma decisão sobre a aprovação de um Orçamento do Estado do PSD para mais tarde, mas avisa que “o Governo da AD é que terá que ver com os partidos à direita a execução desse orçamento”. E acrescenta, remetendo para as palavras de Pedro Nuno Santos: “O PS não fecha portas mas não será a muleta da AD. Será a oposição a esse Governo”.

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Álvaro Beleza: “Acabou o recreio. Eleições de 6 em 6 meses não”

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Ainda assim, Álvaro Beleza garante que “o PS não provocará uma crise e não será o problema” e que no atual cenário “faz todo o sentido que o Governo governe”, acrescentando que “não podemos andar de eleições de seis em seis meses. O recreio acabou: é preciso pensar no país antes de pensar no partido”. Para o socialista, nada garante que a legislatura não chegue ao fim, lembrando o período da geringonça em que “chegou e foi estável”.

O socialista e atual presidente da SEDES defende que “é bom para Portugal que o PS seja o partido da oposição” e que “não tem receio nenhum” desse novo papel no panorama político. Álvaro Beleza salienta que “não há democracia sem alternância de poder” e que “não é bom estar o mesmo partido no poder durante muitos anos”, apesar de sublinhar que a vitória da Aliança Democrática foi “por uma unha negra“.

É por isso que o mandatário nacional da candidatura socialista defende que Pedro Nuno Santos é o líder ideal para o novo ciclo político, apesar da derrota, lembrando “Mário Soares que perdeu várias vezes e ganhou depois” e que neste resultado “todos os socialistas têm responsabilidades”, aplaudindo a atitude de António Costa — que considera ter sido “nobre”.

PS deve conversar à esquerda mas também com a direita democrática

Com o PCP a anunciar uma moção de rejeição a um programa do Governo da direita, Álvaro Beleza demarca o PS das decisões dos restantes partidos à esquerda, salientando a posição do secretário-geral de não apresentar uma moção de censura, mas entende o repto do Bloco de Esquerda para uma conversa de preparação da oposição por parte da esquerda.

Beleza diz que “o PS terá uma estratégia própria, é o maior partido da esquerda” e que “liderar também é conversar”, mas lembra que o PS “como partido charneira da vida política tem conversado também com o PSD e com o CDS ao longo dos anos e deve fazê-lo também com a Iniciativa Liberal”.

O dirigente nacional socialista considera que este é “um tempo de serenidade” em que “cada um deve cumprir o seu papel” e, para já, o do Partido Socialista deve ser na oposição, guardando “os prognósticos para o fim do jogo”.