Os partidos políticos procuram exercer influência sobre as associações de estudantes do Ensino Superior, procurando fazer eleger militantes seus nos órgãos associativos, conclui um estudo divulgado esta segunda-feira pela Universidade de Aveiro.

“Presidentes e ex-presidentes [de associações de estudantes] sentiram que os partidos procuram exercer influência e poder sobre a sua estrutura”, revelaram em resposta a um inquérito feito para uma tese de mestrado da Universidade de Aveiro.

Esses exercícios de influência “passam pela inserção de militantes do partido nos órgãos sociais da estrutura académica estudantil, pela interferência partidária nas eleições para a estrutura”, revela o estudo.

A tentativa de influência dos partidos é feita também na “definição da agenda política da associação estudantil, pela aproximação pessoal ao presidente e pela criação de movimentos de oposição à direção”, adianta.

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O estudo tem por base entrevistas realizadas com atuais e ex-responsáveis associativos, no âmbito da tese de mestrado de Beatriz Bastião em Ciência Política.

Foram entrevistados 18 presidentes e ex-presidentes de estruturas associativas estudantis, cobrindo todo o território nacional.

Com base nessas entrevistas, Beatriz Bastião procurou identificar formas de interação, estratégias e dinâmicas de poder e de influência entre estas estruturas associativas estudantis e os partidos políticos.

De acordo com esse trabalho, os partidos procuram “alcançar objetivos definidos em campanha eleitoral, captar talento para os quadros partidários e influenciar a opinião pública no meio estudantil”.

Por outro lado, os dirigentes associativos admitem “preferir cooperar com os partidos políticos e, na sua maioria, rejeitam estratégias de separação, competição ou conflito”.

“Ao procurar assumir espaço relevante na definição de políticas públicas, através de ações de participação política, o movimento estudantil passa a ocupar um espaço relevante para os partidos”, acrescenta.

A autora realça que “os partidos são peças centrais na política portuguesa diante de uma sociedade civil caracterizada por movimentos associativos fracos e um número baixo de organizações da sociedade civil”.