Aos 51 anos, mais de uma década depois de ter deixado os relvados, Luís Figo nunca quis ficar ligado ao futebol do ponto de vista mais desportivo. Para Luís Figo, o futuro esteve sempre na dimensão institucional do futebol — entre a candidatura à presidência da FIFA, a eterna associação ao Sporting e à Liga e a ideia de que está sempre prestes a assumir responsabilidades sérias e pesadas nos mais variados organismos. O antigo internacional português, porém, garante que nunca faz planos a longo prazo.
“Nunca pensei nos meus projetos e nas minhas oportunidades como ‘quero isto’ ou ‘quero aquilo’. A trajetória da vida leva-te a tomar decisões e depois ou acertas ou não acertas. Levei sempre a minha vida assim. Nunca pensei do género ‘vou trabalhar nisto para daqui a dois ou três anos ser isto ou aquilo'”, garantiu Figo em entrevista ao jornal Marca e em resposta à possibilidade de se candidatar à presidência do Real Madrid no futuro, algo que não rejeita de forma definitiva.
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Sem ter uma relação brilhante com Florentino Pérez desde que saiu do Real Madrid para rumar ao Inter Milão, o antigo capitão da Seleção Nacional garante que tem uma ligação “política e desportivamente correta” com o presidente dos merengues e recorda que continua a ser sócio do clube. Sem esconder que “discorda” de Florentino Pérez em vários dossiês — algo que já acontecia enquanto ainda jogava no Santiago Bernabéu, como o próprio recorda –, Luís Figo mostra-se contra a possibilidade de criação de uma Superliga Europeia.
“Eu gosto das competições com verdade e mérito desportivo. O que vejo é que um jogador como eu, que comecei a jogar no Sporting, nunca terá a oportunidade de jogar esta competição com este formato. Pelo que tenho entendido, a Superliga não permite que um jogador como eu, que aos 22 anos estava no Sporting, possa ter acesso à competição máxima. Isso é uma competição eu deva apoiar, quando vivi o outro processo? E o que é que acontece com as ligas domésticas? Vais matá-las. O que é que acontece com os jovens e o futebol feminino? Não posso estar de acordo com uma competição como a Superliga, nunca estarei”, defende o antigo jogador.
Na mesma entrevista, onde garante que continua a ser amigo próximo de praticamente todos os elementos da geração de galácticos do Real Madrid, Figo deixa críticas ao modelo atual do VAR e aborda a possibilidade de, se ainda estivesse no ativo, rumar à Arábia Saudita. “Não sei. Tive a possibilidade de ir na altura e, por destinos da vida, acabei por não ir. Depende sempre do momento, da necessidade, do projeto… Depende de muitas coisas. Não critico os que estão lá, porque cada um é dono da sua própria vida e pode fazer o que quer. É uma liga que está a investir muito para dar um passo em frente”, atira, abordando depois o caso específico de Cristiano Ronaldo.
“É um animal, é o tipo mais competitivo que conheci depois de mim. Continua a marcar golos e irá sempre marcar golos, porque um jogador com esta essência e com este dom… Estou contente por ele, porque vai terminar a carreira a marcar golos e quando ele decidir”, refere Luís Figo, que ainda deixou conselhos a João Félix. “Tem muito talento, mas precisa de ser um pouco mais… Como dizer? Tem de querer mais, mais e mais. Mas cada um é como é e isso às vezes é muito difícil de mudar. Já mostrou que tem muita qualidade, tem de ter mais regularidade”, termina.