Primeiro começaram por ser três, depois passaram para quatro, na última temporada chegaram a um registo máximo de seis. Os dérbis entre Benfica e Sporting em feminino tornaram-se algo quase “banal” pelo elevado número de encontros que na derradeira época chegou a um ponto máximo entre os dois jogos da Liga BPI, as meias-finais da Taça da Liga a duas mãos, os quartos da Taça de Portugal e a Supertaça logo no início. Em condições normais, seria complicado ter mais uma temporada com tantos confrontos entre rivais mas quis o destino que as duas melhores equipas nacionais voltassem a repetir a “dose”, com um total de quatro dérbis apenas num mês a começar este domingo no Seixal com a primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal com contextos competitivos diferentes que poderiam fazer depois a diferença no que o jogo oferecia.

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“O nosso grande desafio é a recuperação das jogadoras, para estarem a 100% neste jogo e para a intensidade que queremos imprimir. Viemos de jogos em que foi preciso uma grande capacidade física e isso causou também algum cansaço mental. Vamos para o 40.º jogo, enquanto o Sporting tem 27, existe alguma diferença. Se não conseguirmos recuperar bem, a intensidade que pretendemos colocar em jogo poderá não ser a ideal ou podemos não aguentar nos 90 minutos mas temos estratégias preparadas para cada momento. Independentemente disso, seremos uma equipa a querer a vitória. Golos? A diferença de golos é irrelevante, não nos fará tirar o pé do acelerador na segunda mão”, apontara Filipa Patão, treinadora do Benfica.

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“Vamos crescendo semana a semana. Há sempre contextos diferentes, jogadoras lesionadas, momentos de forma diferentes, paragens para seleções… Tudo isto vai mexendo com a evolução da equipa mas temos conseguido melhorar em vários aspetos e aprender com as coisas que não têm corrido tão bem. Agora o desafio é manter essas coisas boas durante mais tempo, de forma mais consistente, com mais maturidade e com mais equilíbrio. Mas Sabemos que o Benfica tem uma equipa extremamente competitiva, que chegou aos quartos de final da Liga dos Campeões”, frisara Mariana Cabral, técnica do Sporting, sem pensar no triunfo no último dérbi: “As equipas agora estão um pouco diferentes. O que não muda é que o dérbi é sempre um jogo muito competitivo, toda a gente quer jogar e dar tudo. São jogos de 50/50”.

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Ao contrário do que se passara na última temporada, quando o Benfica ganhou todos os dérbis à exceção do último para o Campeonato na Luz que mais não fez do que adiar a festa do título, agora era o Sporting que ia tendo vantagem neste particular com um empate na Supertaça (com vantagem das encarnadas nas grandes penalidades) e um triunfo na primeira volta do Campeonato. Mais: com o recente empate das águias com o Damaiense, um potencial triunfo das leoas no dérbi da próxima jornada colocaria ambas as equipas com uma diferença de dois pontos. Antes, decidia-se a duas mãos a presença na final da Taça de Portugal a começar pelo Seixal, dando o mote para quatro jogos que irão fechar a 1 de maio na final da Taça da Liga.

Os minutos iniciais da partida confirmaram o duelo de qualidade entre as duas melhores equipas nacionais, com Kika Nazareth a deixar os dois primeiros sinais de perigo e Olivia Smith a ter um remate que saiu a rasar a trave da baliza de Lena Pauels. A internacional canadiana das leoas voltaria a criar muito perigo pouco depois mas o Benfica foi conseguindo assumir de novo o comando das operações, chegando à vantagem na sequência de um canto que teve um primeiro desvio de cabeça de Lais Araújo para defesa de Hannah Seabert e a recarga de Carole Costa ao segundo poste que deixou a guarda-redes norte-americana mal na fotografia (33′). Apesar dessa desvantagem, o Sporting conseguiu reagir ainda antes do intervalo e, depois de um grande passe de Joana Martins na profundidade para Olivia Smith, a canadiana acertou no poste.

O segundo tempo, marcado numa fase inicial pela lesão de Andreia Bravo que fez a defesa sair em lágrimas com aplausos de todos os adeptos presentes no Seixal, manteve os motivos de interesse dentro de uma já previsível maior debilidade física da formação da casa, com as leoas a tentarem subir linhas e as águias sem descurarem a possibilidade de aumentarem o avanço na partida. Ainda assim, depois de mais uma grande defesa de Lena Pauels com Capeta sozinha na área, foi o Benfica que acabou por cima, com Seabert a tirar o golo a Anna Gasper e depois a evitar por duas vezes o 2-0 na sequência de um canto. A vantagem mínima iria mesmo perdurar até ao final e com a lei da ex desta vez a ser decisiva: Carole Costa, que jogou três épocas no Sporting antes de rumar ao Benfica em 2020, voltou a marcar como na Liga e decidiu a partida.