A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, está a ser investigada pela Procuradoria Europeia pelas negociações que levaram à compra de vacinas contra a Covid-19 à empresa farmacêutica Pfizer, avança esta segunda-feira o jornal Politico.
De acordo com o jornal, que cita os documentos que deram entrada na procuradoria europeia tendo ainda confirmado as informações junto a um porta-voz da instituição com sede em Liège, Ursula von Leyer está a ser investigada por “interferência em funções públicas, destruição de SMS, corrupção e conflito de interesse”. Contudo, até ao momento, a presidente da Comissão Europeia, que espera renovar o mandato ainda este ano, não foi ainda indiciada de nenhum daqueles crimes.
A queixa-crime contra Ursula von der Leyen foi apresentada inicialmente por Frédéric Baldan, empresário que tem ligações ao grupo antivacinas Bon Sens. Segundo o Politico, juntam-se ainda duas queixas idênticas: uma apresentada pela Hungria, outra pela Polónia. No entanto, o novo governo polaco liderado por Donald Tusk, mais pró-europeu do que o anterior, deseja retirar Varsóvia “destes procedimentos”.
Frédéric Baldan alega que existiu uma troca de mensagens suspeita entre Ursula von der Leyen e o diretor executivo da Pfizer, Albert Bourla. O New York Times já tinha noticiado a existência de SMS que podiam comprometer a presidente da Comissão Europeia, sendo que esta rejeitou que o jornal norte-americano acedesse às suas mensagens — o que motivou a que a publicação processasse a responsável comunitária.
Ainda que sejam diferentes, as queixas-crimes da Hungria (cujo primeiro-ministro, Viktor Orbán, mantém más relações com Ursula von der Leyen) e da Polónia seguem os mesmos moldes das de Frédéric Baldan — e também tem como uma das principais sustentações a troca de mensagens.
A compra de vacinas pela Comissão Europeia à Pfizer chegou aos 20 mil milhões de euros. Não obstante, tal como avançou o Politico, houve milhões de doses desperdiçadas — e o custo pode ter chegado aos quatro mil milhões de de euros. Isso obrigou mesmo a renegociações com a farmacêutica.
Até ao momento, a Comissão Europeia nunca permitiu que ninguém acedesse às alegadas mensagens que podem incriminar Ursua von der Leyen — e nem sequer confirmou a sua existência. Ainda assim, a Procuradoria Europeia detém poderes suficientes para, em teoria, confiscar o telemóvel da líder europeia, caso seja necessário.