A pasta da mobilidade no governo de Luís Montenegro vai estar nas mãos de Cristina Pinto Dias, até agora vogal do conselho de administração da AMT (Autoridade da Mobilidade e dos Transportes). A gestora está neste organismo desde 2015 depois de uma saída polémica da CP – Comboios de Portugal, onde chegou a ser vice-presidente.
Na CP estava, aliás, desde 1992, subindo à administração em 2010. Quando rescindiu o contrato com a empresa pública ferroviária, em 2015, negociou uma indemnização que, segundo o jornal Público, ascendeu a 80 mil euros – uma saída da CP que foi fechada quando já tinha sido convidada para a AMT, segundo escreveu o jornal.
O convite terá sido feito em julho e a mudança concretizou-se em em outubro de 2015: Cristina Pinto Dias passou da CP para a AMT, nomeada durante o (curto) governo de Pedro Passos Coelho, que tinha vencido as eleições mas acabaria derrubado, poucas semanas depois, por António Costa e pela “geringonça”.
Na altura, fonte oficial da CP disse ao jornal Público que a ex-vice-presidente, “enquanto trabalhadora da CP, rescindiu o seu contrato com as condições aplicáveis às centenas de trabalhadores (389 nos últimos cinco anos) que saíram desta empresa, por mútuo acordo, nos últimos anos”. A mesma fonte não quis confirmar o montante da indemnização (80 mil euros, segundo a imprensa), valor que não consta nos relatórios e contas da CP consultados pelo Observador.
Cristina Pinto Dias foi muito criticada, por exemplo, por José Reisinho, da comissão de trabalhadores da CP, que considerou “escandaloso” ter sido atribuída uma indemnização. “Foi ela que pediu para sair, logo foi ela que se quis ir embora. Por isso não teria direito a indemnização”.
Outro sindicalista, José Manuel Oliveira, da Federação dos Sindicatos Ferroviários, comentou na altura que havia “muitos trabalhadores que pedem para sair e a empresa não autoriza”. Só que estes, ironiza, “não foram nomeados pelo Governo para irem para outro cargo”. Na altura, Cristina Pinto Dias tinha 49 anos e estava na CP desde 1992 (com uma pequena interrupção em que esteve no Instituto Nacional de Transporte Ferroviário mas voltou para a CP). O que a fez passar, também, pelos transportes intermodais do Porto, participada da CP.
No currículo conta com uma experiência num ministério. Foi assessora de Carmona Rodrigues, ministro das Obras Públicas, Transportes e Habitação no Governo de Durão Barroso.
É outra das licenciadas em Economia deste Governo de Luís Montenegro.