Mais um jogo fora, mais uma noite com sobressaltos pelo meio. À semelhança do que já tinha acontecido em Nápoles, o hotel onde pernoitou a comitiva do Barcelona voltou a ser alvo de um festival pirotécnico às 4h10 da manhã, com rebentamento de petardos com o objetivo único de incomodar o descanso dos jogadores culé antes da primeira mão dos quartos da Liga dos Campeões. Mas se no caso dos adeptos da formação italiana essa era a única finalidade, o que se passou em Paris reflete também uma rivalidade que foi crescendo ao longo da última década com vários episódios pelo meio entre cinco cruzamentos na principal prova da UEFA e muita polémica à mistura, adensada agora pela presença de Luis Enrique no comando dos franceses.
FC Barcelona have ended PSG's 27-match unbeaten streak. pic.twitter.com/UcDVOKc3vN
— Managing Barça (@ManagingBarca) April 10, 2024
Since Xavi announced he will depart from Barcelona at the end of the season, they have gone 1⃣2⃣ games unbeaten.
This run includes victories over Atletico Madrid and PSG ???? pic.twitter.com/WHJBcZ5Rpp
— Football on TNT Sports (@footballontnt) April 10, 2024
Como recorda o Mundo Deportivo esta quarta-feira, o primeiro episódio a criar fricção entre os dois clubes foi a transferência de Thiago Silva do AC Milan, com o brasileiro a ir parar ao PSG quando estava a caminho do Barcelona. Estava dado o mote para várias corridas em paralelo que continuavam a cair para os gauleses, como aconteceu com Marquinhos ou Marco Verratti (que neste caso chegou a tirar fotografias com jornais catalães a anunciar uma chegada que nunca aconteceu). Neymar, a transferência mais cara de sempre por um valor de 222 milhões de euros, foi a derradeira “facada” num conjunto catalão que se ia vingando em campo, com a passagem às meias-finais em 2015 e a sensacional reviravolta de 0-4 para 6-1 nos oitavos da Liga dos Campeões de 2017. Também Lionel Messi rumaria ao Parque dos Príncipes mas a “rivalidade” tinha saltado para outros campos como o fim do patrocínio da Qatar Airways ao Barça ou a cisão de ideias em relação à criação da Superliga Europeia. Agora, estava a nascer um novo (e diferente) capítulo da história.
A passagem do PSG nos oitavos da Champions de 2020/21, com uma goleada em Camp Nou antes do empate a um no Parque dos Príncipes, travou a série de insucessos desportivos nos confrontos com os blaugrana mas agora havia novo capítulo com as duas equipas a jogarem tudo na continuidade europeia por motivos distintos. Do lado dos franceses, com a Ligue 1 “controlada”, mantinha-se a ambição de quebrar a maldição de triunfos sobre a principal prova europeia; da parte dos espanhóis, com a Liga “descontinuada” pelos oito pontos de diferença para o Real (a não ser que consigam ganhar no Santiago Bernabéu, o que pode mexer com as contas), existia a aposta no outro grande objetivo também por questões financeiras. E com as saídas de Neymar e Messi, sobravam como pontos de ligação Ousmane Dembéle e… Luis Enrique.
O antigo jogador do Barça, que chegou ao PSG depois da saída da seleção espanhola, quis deitar um pouco mais de gasolina para a fogueira da rivalidade também pela relação truculenta com Xavi Hernández e teve afirmações na antecâmara da partida com forte impacto nos catalães. “Espero que a ambição supere a parte da pressão, pressão não temos nenhuma. Via um excesso de responsabilidade na fase de grupos mas agora isso foi desaparecendo. Conheço bem o clube e os jogadores do Barcelona mas não sei se isso será vantagem ou inconveniente. Para mim será especial, diferente. Quem representa melhor o estilo de jogo do Barcelona? Eu, sem dúvida nenhuma. Olha para os dados da posse, para os títulos, para a pressão alta. Não é apenas uma opinião minha, são os números que mostram. Nem é possível opinar sobre isso”, atirou.
A ideia partilhada por Luis Enrique pode ter várias interpretações, até pelo contexto de saída de Xavi no final da temporada com o nome do ex-selecionador espanhol entre as hipóteses de sucessores, mas teve sobretudo o condão de mexer ainda mais com um encontro que já iria mexer muito. Conseguiria o PSG nesse estilo mais Barça ser superior? Podia o Barça nesse estilo menos seu sair por cima? Entre uma e outra, ganhou o maior pragmatismo dos catalães. E se Raphinha, autor de um bis pelos catalães que inaugurou o marcador e iniciou a segunda reviravolta do jogo, foi um dos grandes destaques pela importância que teve no rumo da partida, a exibição de Vitinha, o jogador mais à Barcelona que o PSG tem, merecia mais de um encontro onde faltou aos franceses terem maior controlo dos momentos do jogo para não saírem em desvantagem.
???????? FINAL | ???????? PSG 2-3 Barcelona ????????
???? (Mais um) jogão em Paris, com volta e reviravolta
???? Ex-SCP Raphinha brilhou com um bis mas o ex-FCP Vitinha Ferreira ???????? não lhe ficou muito atrás
???? Ratings e Stats de todos os jogos da Champions em https://t.co/QZuwKyufuG #UCL… pic.twitter.com/Zf6VpV2XWT— GoalPoint (@_Goalpoint) April 10, 2024
Vitinha's game by numbers vs. Barcelona:
100% pass accuracy
99 touches
82/82 passes completed
5/5 long passes completed
3 key passes
1 big chance created
1 goalRan the midfield. ???????????????????????? pic.twitter.com/NxcmyAaBDS
— Statman Dave (@StatmanDave) April 10, 2024
O início de jogo, esse, foi marcado sobretudo pela imprevisibilidade. Com o PSG a procurar ter mais posse de bola entre tentativas de remates que iam surgindo após diagonais de fora para dentro de Mbappé e Asensio, com o Barcelona a precisar de três toques para colocar Raphinha isolado na profundidade com Donnarumma a sair da baliza para evitar males maiores. Oportunidades flagrantes? Ainda nenhuma e com os dois técnicos a passarem de forma constante informações para o campo à procura dos espaços que desbloqueassem os remates e a partir daí os golos. As boas notícias chegavam para Roberto Martínez, com Nuno Mendes, João Cancelo e Vitinha a mostrarem o leque alargado de escolhas que o selecionador terá para o Europeu, em particular do lateral do PSG que depois de uma grande jogada em que deixou Koundé sem reação foi à sua área tirar em cima da linha um cabeceamento de Lewandowski após canto (20′). E também Raphinha ameaçou o primeiro golo, a rematar no corredor central para grande defesa de Donnarumma.
Nuno Mendes a brincar com eles ????#ChampionsELEVEN pic.twitter.com/1dNDemeVBT
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Cortes que valem um golo ???? Nuno Mendes#ChampionsELEVEN pic.twitter.com/076YJCLFs0
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Se os franceses tinham começado melhor, esse primeiro sinal dos espanhóis despertou a parte ofensiva da equipa, que continuava a povoar muito o seu primeiro terço para tirar espaços a Mbappé e Dembélé mas que mesmo assim não impediu uma tentativa de Kang-In Lee na área descaído sobre a direita para defesa de Ter Stegen (28′). As equipas estavam igualadas em quase tudo, com os 35′ a chegarem com 50% de posse para cada e um número de passes muito idêntico (133-121) mas com o Barcelona cada vez mais confortável na partida. Tão confortável que chegou ao golo: Pau Cubarsí conseguiu queimar linhas com um passe para Lewandowski, o polaco ganhou a frente antes de abrir na direita em Lamine Yamal e o cruzamento não foi desviado na totalidade por Donnarumma, com Raphinha a atirar de pé direito na área para o 1-0 (37′). Os dados do encontro tinham mudado por completo e o PSG estava obrigado a jogar de outra forma.
Raphinha não perdoa ????
???? @ChampionsLeague | @PSG_inside 0 x 1 @FCBarcelona#ChampionsELEVEN pic.twitter.com/cfpMgdpisq
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Luis Enrique tinha de mexer e trocou Asensio por Barcola. Mais do que isso, corrigiu posicionamentos num ataque móvel mas que começou a contar com mais desmarcações de rutura dos médios a partir de trás e maior presença em zonas de finalização. Durante dez minutos, o Barcelona pouco ou nada fez do meio-campo para a frente e quando se reergueu já perdia: Dembélé aproveitou um corte incompleto de Ronald Araújo, ajeitou para o pé esquerdo e disparou um míssil para o empate (48′), Vitinha surgiu vindo de trás na área para rematar cruzado e assinar a reviravolta (51′) e Barcola, da mesma zona do médio português, teve mais um tiro forte desviado por Ter Stegen para a trave (55′). Xavi também mexeu, o Barça empatou: Pedri, acabado de entrar com João Félix, fez um passe fabuloso para Raphinha atirar de primeira para o empate na área (62′). Entre o “Vai tomar no…” dos festejos para as bancadas, o jogo estava reaberto.
DEM BÉ LÉ ☄️
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Que jogada e Que Vitinha ????
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Eram os portugueses que tomavam conta do jogo. Com Vitinha a isolar Barcola que não teve depois pernas para rematar perante a oposição de Ronaldo Araújo, com João Felix a tentar a meia distância para defesa de Donnarumma, com Vitinha a ter mais um passes fantástico para Dembélé acertar no poste. O golo poderia estar ao virar da esquina e acabou por surgir com um herói improvável pelo meio: acabado de entrar no jogo, Christensen apareceu na pequena área a desviar um canto da esquerda para fazer nova reviravolta (77′). O PSG tinha menos de um quarto de hora para pelo menos chegar ao empate e Gonçalo Ramos também foi lançado nos minutos finais mas o 3-2 iria manter-se numa eliminatória que está em aberto.
A Magia de Pedri e a Classe de Raphinha ???? INCRÍVEL.
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Remontada da remontada ???? Christensen.
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