O Tribeca Film Festival, o festival de cinema de que Robert De Niro foi um dos fundadores, em 2002, vai ter uma edição em Portugal. O Tribeca Festival Lisboa acontece na capital portuguesa a 18 e 19 de outubro, e vai contar com a presença do ator de 80 anos. O evento foi apresentado esta quinta-feira à imprensa pela SIC/OPTO, responsável por trazer o festival a Portugal.
O Tribeca Festival Lisboa, produzido em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, contará com a “exibição de filmes, de séries de ficção da maior qualidade, experiências imersas, conversas com pessoas de fora, estrangeiros, com nomes que são conhecidos de todos, mas também criadores portugueses”, levantou o véu Francisco Pedro Balsemão, CEO do Grupo Impresa, na apresentação aos jornalistas no lugar que vai receber o certame: o Beato Innovation District (Hub Criativo do Beato). Reconhecendo que a edição portuguesa terá “especificidades próprias”, Balsemão garante que “o espírito será certamente o mesmo”, e abre a porta à possibilidade de gerar co-produções portuguesas com o selo Tribeca. A programação será anunciada no verão.
Além de Robert de Niro, já é certo que o festival trará a Portugal a realizadora Patty Jenkins, realizadora de Wonderwoman (2017), a atriz Whoopi Goldberg, reconhecida por títulos como Do Cabaré para o Convento (1992), o ator Griffin Dunne, de Nova Iorque Fora de Horas, (1985) e a produtora Jane Rosenthal.
Ao contrário da versão original, com a duração de quatro semanas, a versão portuguesa do festival será condensada em dois dias. “Lisboa pode ser a cidade do cinema”, disse Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, numa apresentação que também contou com a presença de Leonel Vieira, realizador português, e Gonçalo Reis, desde janeiro administrador não executivo da EGEAC, a empresa municipal de cultura da CML.
A programação do festival está a cargo de Cara Cusumano, vice-presidente sénior de Programação e Diretora do Festival Tribeca, em parceria com a SIC e a OPTO, e do produtor executivo português Tony Gonçalves, antigo executivo da WarnerMedia, que emigrou em criança para os Estados Unidos.
Os responsáveis preferem manter o secretismo sobre o que aí vem. O comunicado enviado ao final da manhã revela que o festival “incluirá uma coleção com curadoria de filmes portugueses e internacionais, conversas ao vivo com talentos portugueses e internacionais, instalações imersivas, oportunidades de networking e muito mais”.
Ao que o Observador apurou junto do CEO da Impresa, não haverá secções competitivas como existe no formato original. “Não está previsto. Por ser dois dias achámos que não fazia sentido”, adianta Francisco Balsemão sobre a edição que pode ser apenas a primeira a decorrer em Lisboa. “O nosso contrato é de um ano, renovável para dois. Queremos que seja renovável para mais tempo”, avança. “Queremos ver isto como algo que tenha futuro. Mas antes tem de correr bem.”
O Hub Criativo do Beato, o local escolhido para o anúncio do festival, deverá ser o palco principal do evento, mas não o único — como, de resto, acontece nos restantes festivais de cinema da cidade. “Este é um dos sítios. Vai haver vários por Lisboa”, avança Tony Gonçalves ao Observador, sem revelar quais. Afinal, “com criatividade, dinheiro e tempo, faz-se tudo”, diz o produtor executivo.
O Festival de Cinema de Tribeca foi criado por Jane Rosenthal, Robert De Niro e Craig Hatkoff, em 2001, para ajudar Nova Iorque a reerguer-se após os ataques de 11 de setembro ao World Trade Center. O primeiro festival, em 2002, foi concebido como uma forma de estímulo económico, com o objetivo de atrair visitantes de volta à baixa de Manhattan após a tragédia.
Nas últimas duas décadas, o festival foi conquistando relevância, sobretudo na área do cinema independente, documentário e curta-metragem. O evento, muitas vezes apelidado “Hollywood no [rio] Hudson”, sofre com o facto de ser realizado mais tarde no calendário, o que o priva do burburinho pré-Oscares de que gozam festivais como Veneza ou Toronto. Este ano, por exemplo, o festival acontece entre 5 e 16 de junho.
Na história do festival norte-americano são raras as presenças de filmes portugueses. Contam-se apenas duas, com a curta-metragem Arena (2009), de João Salaviza, e a curta de animação Surpresa (2017), de Paulo Patrício.