A comissária europeia da Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, cujo mandato termina este ano, disse esta quinta-feira aos jornalistas estar interessada, como independente, no futuro, em contribuir para a vida pública “como cidadã”.
“Interessa-me continuar, seja onde for, a dar o meu contributo como cidadã”, disse hoje aos jornalistas quando questionada sobre qual o seu futuro político após ter sido comissária europeia.
Recordando uma longa carreira em que fez atividades desde “cálculos de esgotos” a “dar aulas”, tendo também passado “outros tempos como ministra, outros tempos como deputada europeia, ou no Banco de Portugal“, a economista disse ser “sobretudo uma professora universitária e alguém que, durante a vida, foi funcionária pública e fez políticas de interesse público”.
Sobre se estaria disponível para colaborar com o PS, como tem feito ao longo da carreira, Elisa Ferreira recordou que é independente, mas afirmou que terá “alguma intervenção” na vida pública.
“Mas acho que as pessoas têm, também, que respirar, e sobretudo fechar bem aquilo em que se meteram. Espero que, de facto, até ao fim do mandato continue a sentir que fiz o melhor que estava ao meu alcance e que tive algum contributo para um projeto em que acredito muito, que é o projeto da Europa”, disse.
Sobre o seu trabalho à frente da pasta da Coesão e Reformas, disse pretender “deixar um legado”, pretendendo que no futuro “a política de Coesão se afirmasse ainda mais e que os cidadãos percebessem o quanto ela é importante e a defendessem, mesmo num contexto onde tudo parece ser posto em causa”.
“A política de Coesão é aquilo que mais de perto toca as pessoas. Se formos perguntar, em Portugal, o que é a política de Coesão, as pessoas não sabem. Mas se for ver a escola, o centro de saúde, o hospital, o centro e investigação, as empresas, é difícil encontrar alguma coisa” em que a Europa não esteja presente.
Segundo Elisa Ferreira, assim “os cidadãos sentem que a Europa esteve lá, e isso foi, na maior parte dos casos, estimulado exatamente pela política de Coesão: pelo FEDER [Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional], pelo Fundo de Coesão ou pelo Fundo Social Europeu”.
“A política não é para as infraestruturas, é para as pessoas, e o importante é que, de facto, as pessoas sintam esta presença europeia, a valorizem, a protejam e não se deixem levar por conversas mais ou menos panfletárias que põem tudo em causa e deixam o terreno completamente vazio”, vincou.
A comissária europeia lembrou o aproximar das eleições europeias, marcadas para junho, e disse esperar que “cada um pense pela sua cabeça, mas de uma forma séria e não vá atrás de conversas simplistas que, no fundo, não são confirmadas pela realidade”.