Depois da apresentação da Comissão Executiva da SAD em caso de eleição, num evento que teve lugar na sua sede de candidatura, André Villas-Boas voltou na noite desta sexta-feira aos encontros com associados em Casas do FC Porto, neste caso em Famalicão. E foi aí que, na companhia de vários nomes de todos os órgãos sociais que irão a sufrágio no próximo dia 27 de abril como António Tavares, Angelino Ferreira, Fernando Freire de Sousa, João Borges ou Tiago Madureira, que anunciou um grande evento no Super Bock Arena no dia 24: “Organizaremos autocarros a partir daqui para o FC Porto. Será organizado com a Casa, serão para encher, independentemente da vossa escolha de voto, mas temos muito gosto em ceder. A entrada é livre e será um espetáculo final. Estarão no palco todos as pessoas vinculadas a esta candidatura. Vamos fazer uma noite especial, antes de se cumprirem 50 anos do 25 de abril, um marco histórico de Portugal”.

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Antes, Villas-Boas voltou a deixar alguns conselhos tendo em vista as regras de votação nas eleições de 27 de abril e deixou uma mensagem para o período que se irá seguir no clube. “Tenham atenção à renumeração porque pode implicar um novo cartão de sócio. Podem usar um cartão que vos dá acesso ao Dragão mas pode ser feito uma renumeração e ser-vos impedido de votar. É importante renovar o cartão de sócio e levar o cartão de cidadão, porque isso confirmará a identidade para exercer o direito de voto. O bem comum do FC Porto é o nosso objetivo, seja qual for o resultado. É importante que os sócios se unam”, salientou.

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Em paralelo, o antigo treinador deu uma “notícia” sobre o Centro de Alto Rendimento que quer construir em caso de vitória em Gaia. “Tivemos boas noticias por parte da APA [Associação Portuguesa do Ambiente], que deu viabilidade total para construir. Temos uma obra muito mais eficaz, de custo, operacional. Não é uma obra magnânima como a Academia da Maia mas do ponto de vista logístico, rapidez e custo dá garantias”, apontou, citado pelo O Jogo, antes de reforçar a ideia de que não se trata de uma corrida de academias.

“Estas candidaturas não são para escolher uma academia. É muito importante que os sócios também tenham noção disso. Isto vai muito além das academias. Quando nós começámos esta candidatura, em 2022, não havia projeto de Academia da Maia. O projeto de Academia da Maia foi, como vocês viram, acelerado recentemente. Ou seja, quando nós começámos, o que estava em causa era a rescisão contratual da Academia, estabelecida em 2020 como promessa eleitoral, em Matosinhos. Portanto, o que é que nós fizemos? O FC Porto, como está atualmente financeiramente, para ter dinheiro para construir uma cidade do futebol nova, tem que batalhar muito. A realidade é que se calhar nem todos podemos ter uma casa e uma moradia de três mil metros quadrados e de cinco pisos. Portanto, temos que viver dentro destas realidades. Não faz sentido dividir o FC Porto em três polos distintos. A Maia, para a formação, Gaia, para o futebol sénior e o Estádio do Dragão. Portanto, se há um sentido de unidade, só pode haver um sítio”, destacou.

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“Estimamos, entre o custo da terra e o custo das infraestruturas, que ande à volta de 35 ou 40 milhões de euros. A outra academia [na Maia] será seguramente entre os 50 e os 60 milhões, porque tem dez campos relvados, uma infraestrutura também de residência. Com 500 milhões de euros de passivo para pagar, nós entrando no dia 28 de abril temos de fazer face aos salários de abril, maio e junho. O FC Porto não tem cash flow acessível operacional, não há tesouraria para pagar, a não ser recorrendo a antecipação das receitas. Esta é a realidade do FC Porto. Portanto, aqui a disciplina orçamental, o rigor, uma gestão cuidadosa, uma gestão que olha de forma racional para o despenho é fundamental. Os outros mandaram com a barriga para a frente e passam agora a estes 500 milhões de passivo e 310 milhões de dívida financeira. É um desafio super difícil de ultrapassar, além de que vão exigir de nós capacidade competitiva”, explicou.

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“No FC Porto como se encontra, se continuarmos a atirar com a barriga para a frente, quando é que vem a sustentabilidade financeira? Quando vendemos ao fundo Quadrantis, ou a um fundo americano qualquer? Isso é que é a questão. Já não podemos esperar mais tempo. Podia facilmente agora estar a vender o maior sonho do mundo e em Gaia construía uma academia, uma cidade de futebol com dez campos de futebol. Se ela não é viável, o que é que interessava? Portanto, a minha questão é rapidez de obra e unidade, ou seja, futebol profissional com formação e pavilhão para as modalidades”, rematou sobre o tema.

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Por fim, André Villas-Boas abordou também a questão das modalidades. “Estamos em atraso em todas modalidades, não só em infraestruturas, mas também na vertente feminina. É um processo longo a recuperar. À medida que não temos a academia implementada e estamos a ficar em atraso a clubes como o Sp. Braga, isto demora mas tem de ser feito. Temos um compromisso para o estabelecimento de futebol feminino e futsal no próximo ano. No voleibol masculino estamos condicionados às infraestruturas. Não só implica a formação mas infraestruturas onde possam treinar, porque o Dragão Arena já está em esgotamento de utilização. Isto implica a construção de um novo pavilhão”, concluiu o ex-treinador.