Depois de uma curta passagem pelo estrangeiro, e antes de mais um fim de semana preenchido com várias atividades na sede e em visitas a Casas do FC Porto, André Villas-Boas dava o pontapé de saída na semana a nível de momentos da candidatura com a apresentação da Direção Executiva que o irá acompanhar em caso de eleição no sufrágio dos dragões de 27 de abril, em mais um capítulo estrategicamente relevante naquilo que tem sido o caminho do antigo treinador dos azuis e brancos na antecâmara da reta final da campanha.

Antes, Villas-Boas tinha dividido as apresentações por momentos. Anunciou numa primeira fase António Tavares, provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto há mais de uma década e deputado na Assembleia da República pelo PSD entre 1985 e 1991, como líder da Mesa da Assembleia Geral e Angelino Ferreira, ex-administrador da SAD do FC Porto com Pinto da Costa entre 2010 e 2014 (sendo depois substituído por Fernando Gomes), como número 1 ao Conselho Fiscal e Disciplinar. De seguida, José Pedro Pereira da Costa foi apresentado como CFO da lista do antigo treinador, cargo que desempenhou na NOS após passagens pela SportTV, pela ZON Multimédia, pela PT, pela Vivo e pelo Banco de Investimento do Santander.

Já este sábado, em mais um passo nessa apresentação da equipa, Villas-Boas anunciou Mário Santos como o Diretor das Modalidades. Em mais uma aposta forte para mudar o paradigma atual no clube, o ex-treinador assumiu o nome do antigo presidente da Federação Portuguesa de Canoagem, entre 2004 e 2013, que fez parte da Comissão Executiva do Comité Olímpico de Portugal e foi Chefe de Missão de Portugal nos Jogos da Juventude de Singapura em 2010 e nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012. O advogado esteve também no Conselho Nacional do Desporto entre 2016 e 2024, neste caso por nomeação do governo. Esta quinta-feira, chegava a hora do anúncio da Direção Executiva escolhida por Villas-Boas em caso de eleição.

Assim, e depois de José Pedro Pereira da Costa, que vai ficar com todo o pelouro da área financeira, o candidato apresentou João Borges para a área das Operações (depois de passagens por Deloitte, Banco Carregosa ou Porto de Aveiro e da Figueira da Foz antes de tornar-se o diretor geral da Race for Good de Villas-Boas), Tiago Madureira para os Negócios e Expansão Internacional (que passou pelo departamento de marketing do Sp. Braga antes de chegar a diretor executivo da Liga) e José Luís Andrade para as pastas Jurídica e Relações Internacionais (estando na parte executiva na Associação Europeia de Clubes e sendo juiz do TAD), fechando aquele que será o núcleo da Comissão Executiva da SAD em caso de eleição.

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“Comigo, com o José Pedro Pereira da Costa, o João Borges, o José Luís Andrade e o Tiago Madureira, cada um nas suas áreas de intervenção, cá estaremos, ao serviço dos sócios, para cumprir o nosso compromisso. É esta a nossa única agenda, não temos mais nenhuma. Estou certo de que darão o melhor por todos aqueles que fizerem e continuarão a fazer deste clube o maior de todos. A qualidade que já demonstraram noutras funções, a forma como procuram constantemente a excelência e se comprometem com resultados e que colocarão ao serviço do FC Porto enche-nos de esperança no futuro. O FC Porto, com o passado que tem e com o vigor que demonstra no presente, é o futuro”, apontou o ex-treinador agora candidato.

À margem da apresentação, André Villas-Boas abordou também algumas notícias que têm saído em relação às ideias que tem para o futebol em caso de eleição, recusando a possibilidade de contactar qualquer técnico ou encontrar outra solução até falar com Sérgio Conceição sobre o seu futuro mas não negando a hipótese de Andoni Zubizarreta, antiga glória das balizas do Barcelona e de Espanha e com formação na área da gestão desportiva, poder assumir um papel na estrutura azul e branca a partir de dia 28 de abril.

“O anúncio na Direção Desportiva é no dia 18. Trabalhei com o Andoni [Zubizarreta], é uma pessoa pela qual tenho o máximo respeito e elevação, passou por um dos melhores períodos do Barcelona, como vocês sabem, e o Barça também tem um pouco deste vínculo e ADN como FC Porto. É um clube cheio de valores e de cultura. Portanto, vamos aguardar pelo dia 18 para as respostas finais”, começou por dizer. “Não há plano B caso Sérgio Conceição não fique. Não teria necessidade de o fazer mas aproveito para desmentir em absoluto as notícias que saíram. Gasperini? Não tive contacto com nenhum treinador. Irei utilizar o dia 28 de abril, ou os dias seguintes a esse porque esse é um dia de FC Porto-Sporting evidentemente, para perceber quais são as intenções do treinador”, acrescentou ainda a esse propósito André Villas-Boas.

Em paralelo, o antigo treinador voltou a manifestar questões sobre a organização das eleições de 27 de abril. “Há muitas questões de operação que nos preocupam, evidentemente, não só as questões que já foram bem clarificadas ao Cartão de Cidadão e ao cartão de associado mas sobretudo aos cadernos eleitorais. A consulta, se possível, de cadernos eleitorais, porque parece-nos algo infeliz que não os possamos consultar e tocar diretamente com essas pessoas e incentivá-las a vir votar no dia 27. Mas são sobretudo questões de operação, de fiscalização, de delegados às mesas, de composição das urnas, de superdelegados que andem à volta de um perímetro tão grande como é o Estádio do Dragão e de tantas urnas que irão estar disponíveis. Foi-nos dito que o clube estaria a lançar aos seus funcionários, em primeiro lugar, um voluntariado para liderar essas mesas e depois, mais tarde, uma proposta para colaborarem nesse dia das eleições. O que me parece é que podem não ter tido a adesão que esperavam, o que poderá implicar que todas as listas deveriam ter pessoas também a presidir a mesa, não só enquanto delegados, mas a presidir as mesas. São questões que se levantam do nível da operação que urgem, que obrigam a respostas rápidas e diárias”, salientou.

“A possível não entrada na Liga dos Campeões é um desafio enorme. Estamos a falar numa perda significativa de valor, por volta dos 40 milhões de euros, entre a Liga dos Campeões e a Liga Europa. O FC Porto já se encontra em situação de tesouraria limite, portanto, a situação operacional no seu limite tem que recorrer frequentemente à antecipação de receitas para poder operar no seu dia a dia. Isto são tudo problemas que se levantam e daí que nós não estamos a perder tempo do ponto de vista dos estabelecimentos e contactos exploratórios já para novas parcerias comerciais e para a renegociação da dívida do FC Porto, além de outros modos de o FC Porto se financiar”, acrescentou André Villas-Boase esta quinta-feira.