Não era um dérbi por cada semana mas quase. Por questões de calendário e cruzamentos em todas as provas, Sporting e Benfica voltavam a encontrar-se depois da paragem para os dois primeiros encontros da fase de qualificação para o Campeonato da Europa de 2025, retomando em campo uma rivalidade que tinha como última referência a primeira mão da meia-final da Taça de Portugal e que teria agora mais três partidas em apenas duas semanas. Cada uma com a sua história, cada uma com as suas nuances. E este domingo trazia as primeiras decisões em relação à Liga, com um cenário claro em relação ao que estava em causa: em caso de vitória das leoas, haveria Campeonato até ao final; em caso de empate ou de triunfo das encarnadas, o título começava a cair mais uma vez para o conjunto da Luz. Era isso que marcava o reencontro entre as duas melhores equipas nacionais apenas duas semanas depois, na antecâmara da segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal (no próximo domingo) e da final da Taça da Liga (no feriado de 1 de maio).

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“Só temos de olhar para nós, para aquilo que queremos fazer e para o que queremos melhorar, não só em relação ao próximo jogo mas na globalidade da equipa. Se falarmos de Campeonato, ganhámos ao Benfica mas não é isso que nos fez estar em segundo, foram outros jogos em que estivemos por cima e devíamos ter conquistado esses pontos. Aprendemos depois disso e melhorámos contra equipas com blocos mais baixos. O Benfica conhece muito bem a Sporting, o Sporting conhece muito bem o Benfica mas a cada jogo há sempre pormenores que vão mudando, tanto de um lado como do outro lado, defensivamente e ofensivamente. É uma sequência diferente, estranha porque são três jogos seguidos mas a verdade por mim jogava todas as semanas com o Benfica. É um dérbi, um jogo super intenso, em que toda a gente gosta de jogar, está focada e quer fazer tudo”, apontara Mariana Cabral, treinadora do Sporting, na antecâmara do encontro.

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“Estamos com cinco pontos de avanço e sabemos a importância que o jogo vai ter para as contas do Campeonato. Vamos defrontar uma equipa que joga em casa, que tem sido muito competente e que dificulta a vida aos adversários, em todos os jogos. Estamos à espera de um Sporting muito forte, por isso vamos ter que apresentar a nossa melhor versão para conseguirmos ganhar e ficarmos mais próximo de conquistar o Campeonato. Não é um jogo decisivo mas é muito importante para as contas. Nós sabemos disso e o Sporting também sabe. Normalmente é no pormenor e no detalhe que estes jogos se decidem. Não deixa de ser um jogo de estratégia porque somos uma equipa pressionante, que gosta de ter bola mas também uma equipa que sabe perceber em que momentos deve baixar um pouco mais o bloco”, destacara Filipa Patão, técnica do Benfica que voltou a não querer alimentar polémicas em relação ao momento de Jéssica Silva.

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Até nos resultados da presente temporada se percebia que era um dérbi de “tripla”. Na Supertaça, houve um empate no final dos 120 minutos antes da vitória do Benfica no desempate por grandes penalidades (1-1 e 3-0, g.p.). Na primeira volta do Campeonato, no Seixal, o Sporting levou a melhor com um triunfo por 3-1. Na primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal, foi o Benfica que saiu por cima com uma vitória por 1-0. Maior equilíbrio era impossível na antecâmara da “decisão” do Campeonato, sendo que só um sucesso da formação verde e branca deixaria tudo adiado até à última jornada da prova. Foi isso que aconteceu. E foi isso que aconteceu porque a forma vertical de jogar com bola acabou por imperar, com uma Brittany Raphino, norte-americana que chegou em janeiro do futebol universitário, a conseguir imperar no meio das centrais contrárias e Olivia Smith, internacional canadiana contratada este verão, a mostrar toda a sua classe.

Depois de uma primeira ameaça ofensiva do Sporting, foi o Benfica que criou as primeiras oportunidades de golo claras, com Marie Alidou a acertar na trave após um erro defensivo das leoas (16′) e Kika Nazareth a ver um toque de calcanhar travado de forma in extremis pela guarda-redes Hannah Seabert (18′). Apesar dessa predominância ofensiva, as encarnadas não conseguiam marcar e acabaram mesmo por sofrer, com Olivia Smith a lançar Brittany Raphino na profundidade e a avançada norte-americana a aguentar a resistência defensiva para desviar de Lena Pauels (28′). A formação verde e branca passava para a frente e continuava a tentar manter-se fiel ao jogo que fizera até esse momento, aproveitando mais um erro de Laís Araújo para recuperar em zona adiantada e ver Brittany Raphino assistir Joana Martins para o 2-0 (45+1′).

O Benfica teria de fazer algo para mexer com a partida, com as saídas de Chandra Davidson e Marie Alidou para as entradas de Nycole e Jéssica Silva. Aí, o jogo mudou. As encarnadas não demoraram a lançar-se em ofensivas para reentrarem na discussão do resultado e, já depois de um golo anulado a Laís Araújo por fora de jogo (48′), Carole Costa conseguiu reduzir de grande penalidade por falta de Ana Borges sobre Nycole (53′). O encontro ganhava um sentido único, com Jéssica Silva a marcar o golo que daria o empate num grande chapéu após canto que acabou por ser invalidado pela ação de Nycole, em fora de jogo, na pequena área a “bloquear” Hannah Seabert (64′) e Kika Nazareth a ter de seguida um remate a rasar o poste. Tudo estava a “empurrar” para o empate até que apareceu Olivia Smith, a receber um grande passe de Andrea Norheim de forma orientada e a rematar de pé esquerdo de primeira para fazer o 3-1 (73′). Até ao final, Kika Nazareth ainda acertou no poste, Smith ameaçou o bis mas o resultado não voltou a mexer mais.