Cinco golos, duas reviravoltas, dois gigantes europeus. O PSG-Barcelona da semana passada foi um autêntico clássico europeu — mas acabou muito ofuscado pelo Real Madrid-Manchester City do dia anterior, até porque merengues e citizens são candidatos mais sérios à conquista da Liga dos Campeões. Certo é que, agora na Catalunha, PSG e Barcelona voltavam a defrontar-se numa reedição do duelo entre novos e velhos ricos.

O Barcelona levava vantagem nos quartos de final, graças ao decisivo golo de Christensen que valeu a vitória no Parque dos Príncipes, mas a eliminatória estava longe de estar decisiva. E Xavi tinha noção disso mesmo. “Montjuïc terá de se assemelhar às noites europeias em Camp Nou. Não tenho dúvidas de que o PSG vai fazer-nos sofrer, imagino que irão fazer marcação homem a homem. Temos de mostrar personalidade. É uma das melhores equipas do mundo, com um dos melhores treinadores do mundo. Nunca vi um jogo do Luis Enrique em que não tenha jogado ao ataque”, atirou o treinador espanhol, que chegou a ser orientado pelo mesmo Luis Enrique quando era jogador dos catalães.

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Ora, do outro lado, Luis Enrique correspondia à ideia de Xavi e garantia que a ideia era colocar o PSG nas meias-finais. “Tivemos de nos preparar novamente e melhorar o nosso desempenho. Não há exagero nenhum quando estamos numa sequência invicta de 27 jogos, mas este segundo jogo vai ser um pouco diferente. O outro foi muito bem disputado e o resultado não reflete aquilo que merecíamos, mas o 2-3 significa que estamos atrás. Não somos equipa de especular e estamos bastante convencidos de que vamos virar a eliminatória”, explicou o técnico dos franceses.

Assim, esta terça-feira, Xavi lançava Raphinha, Lamine Yamal e Lewandowski no ataque, com João Cancelo a ser titular na esquerda da defesa mas com João Félix, que no fim de semana assinou um pontapé de bicicleta delicioso que deu a vitória ao Barcelona contra o Cádiz, a começar no banco. Do outro lado, Luis Enrique colocava Nuno Mendes e Vitinha no onze inicial, em conjunto com Dembélé, Mbappé e Barcola, e Manuel Ugarte, Gonçalo Ramos e Danilo eram todos suplentes.

Tudo pareceu ficar mais fácil para o Barcelona ainda dentro do quarto de hora inicial, quando Raphinha abriu o marcador com um desvio na área após cruzamento de Yamal na direita (12′), mas a verdade é que os sorrisos catalães seriam de pouca dura. Perto da meia-hora, Ronald Araújo parou Barcola quando o avançado seguia para a baliza e foi expulso com cartão vermelho direto, deixando a equipa de Xavi com menos um elemento e com ainda muito por jogar. De forma quase natural, o PSG conseguiu empatar o jogo ainda antes do intervalo e por intermédio de Dembélé (40′), relançando a eliminatória já após Yamal ter sido o sacrificado face à necessidade de lançar Iñigo Martínez.

Sem que estivessem cumpridos 10 minutos da segunda parte, falou-se português na Catalunha: com um remate rasteiro de fora de área, Vitinha deu a volta ao marcador e ofereceu esperança ao PSG (54′). Nem cinco minutos depois, a esperança materializou-se. João Cancelo fez falta sobre Dembélé na área de Ter Stegen e Mbappé, na conversão da grande penalidade, colocou os franceses na frente da eliminatória (61′). Xavi reagiu com Ferran Torres, João Félix entrou já nos últimos 10 minutos, mas o xeque-mate de Mbappé à beira dos descontos acabou com o assunto (89′).

No fim, o PSG eliminou o Barcelona e está nas meias-finais da Liga dos Campeões pela quarta vez, sendo que três delas aconteceram nas últimas cinco temporadas, marcando encontro com o Borussia Dortmund. E Vitinha, que estranhamente parece ainda não ser consensual na hora de vestir a camisola da Seleção Nacional, é o verdadeiro gerador que coloca a constelação inteira a brilhar.