“O Herói Sacrílego”

Realizado em 1955, O Herói Sacrílego foi o penúltimo filme de Kenji Mizoguchi e o seu segundo e derradeiro a cores, após A Imperatriz Yang Kwei Fei, e volta a ser exibido entre nós, em cópia restaurada, mais de 50 anos após uma discreta estreia em Portugal, agora no ciclo “Japão Eterno”, que decorre no Nimas. É um filme de samurais passado no século XII, sem a espectacularidade épica dos de um Kurosawa e outros realizadores japoneses que cultivaram o género, nem uma mulher no centro do enredo, ao contrário do que era habitual em Mizoguchi. Conta a história do filho de um velho, digno e respeitado samurai, que faz uma descoberta inesperada sobre a sua identidade, e põe em cena três grupos poderosos e interdependentes na época, os aristocratas da corte, os monges e os clãs de samurais, cuja relação de poder o jovem vai abalar com escândalo, para defender a honra do pai e do clã e afirmar os seus valores e a sua ética e integridade. O Herói Sacrílego pode ainda ser entendido como aludindo à situação político-social Japão do pós-guerra, mas funciona também perfeitamente só como filme de época, e a cor realça ainda mais o apuro do detalhe visual e o consumado requinte estilístico de mestre Kenji Mizoguchi.

“Um Lugar Seguro”

Após assinar várias curtas-metragens, o croata Juraj Lerotić estreia-se a realizar nas longas com este Um Lugar Seguro, que também escreveu e em que interpreta igualmente um dos papéis principais, o de Bruno, um homem que tem lidar com os desejos suicidas do seu irmão Damir. Triplamente premiado no Festival de Locarno (incluindo o galardão de Melhor Primeiro Filme), Um Lugar Seguro é uma fita de um naturalismo impenitente e baseada em factos da vida familiar do seu autor e ator, apresentada com uma reserva dramática e uma sisudez visual que nunca se confundem com ausência de emoção. À medida que Bruno e a sua mãe vão tentando fazer o que julgam ser o melhor para o instável Damir, Lerotić aproveita também para mostrar a pouca sensibilidade e escassa empatia das autoridades policiais e do sistema hospitalar croata, quando postos perante uma situação com estas características.

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“Pequenas Cartas Malvadas”

Inglaterra, anos 20. A devota e conservadora Edith Swan, bem como outros habitantes da pequena cidade costeira de Littlehampton, começam a receber cartas anónimas maldosas e obscenas. As suspeitas recaem de imediato sobre Rose Gooding, a  jovem, expansiva e impetuosa vizinha irlandesa de Edith, que está separada do marido. Enquanto Rose se arrisca a ser presa e a perder a custódia da filha, as cartas continuam a aparecer nas caixas de correio da muitos moradores da cidadezinha, e é então que uma das primeiras agentes femininas da polícia inglesa, colocada em Littlehampton, começa a investigar o intrigante e escandaloso caso, que já ganhou entretanto repercussão nacional, contando com a ajuda de algumas desembaraçadas mulheres locais. Olivia Colman, Jesse Buckley, Gemma Jones, Timothy Spall, Eileen Atkins e Anjana Vasan interpretam esta comédia satírica realizada por Thea Sharrock.

“Challengers”

No novo filme de Luca Guadagnino, Art Donaldson (Mike Faist) e Patrick Zweig (Josh O’Connor) são tenistas juniores, amigos desde os 12 anos, parceiros em pares e acabaram de ganhar o Open dos EUA. É então que conhecem Tashi Duncan (Zendaya), o novo fenómeno do ténis feminino, e ficam os dois pelo beicinho por ela. Tashi é tão formidável a jogar ténis como a manipular e picar rapazes, acabando por escolher Patrick, afastar Art da equação e estragar a amizade entre eles. Mas a lesão que sofre num jogo acaba-lhe com a carreira, e com a relação com Patrick. Quase 15 anos mais tarde, Tashi é a treinadora e a manager de Art, com o qual casou e teve uma filha. Art é agora um grande campeão mas está na mó de baixo. Tashi inscreve-o então num Challenger, um torneio do circuito secundário, que poderá ganhar facilmente e recuperar a forma e a confiança. Mas o seu ex-namorado e ex-amigo Patrick, que nunca saiu da cepa torta, vai disputar o mesmo torneio.