O líder do Partido Popular de Espanha (PP), Alberto Núñez Feijóo, disse que o primeiro-ministro do país, Pedro Sánchez, tem “um problema judicial” devido a suspeitas de corrupção e considerou uma “frivolidade absoluta” a ameaça de demissão.
“Não se deixem enganar. Espanha não tem um problema, quem tem um problema judicial é o senhor Sánchez”, disse Feijóo, numa declaração aos jornalistas no dia em que dirigentes do Partido Socialista (PSOE) denunciaram uma “guerra suja” da direita e extrema-direita espanholas contra o primeiro-ministro e a sua família, baseada em campanhas de desinformação e ataques pessoas na internet.
Feijóo, como já tinha afirmado na quinta-feira passada, acusou o líder dos socialistas, Pedro Sánchez, de “frivolidade absoluta” por ter dito que pensava demitir-se por causa do que considera ser uma perseguição e uma “máquina de lodo” do PP e do Vox (extrema-direita).
“Há pessoas que têm problemas e querem transferi-los para as pessoas”, disse este sábado Feijóo, que acrescentou que “os espanhóis não podem estar preocupados com os problemas do Sr. Sánchez, é o Sr. Sánchez que se deve preocupar com os problemas dos cidadãos”.
Feijóo, que falava aos jornalistas na Catalunha, onde está em curso a campanha das eleições autonómicas de 12 de maio, disse que os problemas de Sánchez são “os alegados casos de corrupção que afetam o seu Governo, o seu partido e a sua família”.
O líder do PP – o maior partido no parlamento espanhol atualmente – acusou ainda Sánchez de estar a atacar juízes, tribunais, jornalistas e meios de comunicação e com isso estar “a demitir-se da democracia”.
Pedro Sánchez revelou que pondera demitir-se na quarta-feira, no dia em que um tribunal confirmou a abertura de um “inquérito preliminar” por alegado tráfico de influências e corrupção da sua mulher, Begoña Gomez, na sequência de uma queixa de uma organização conotada com a extrema-direita e que o Ministério Público já pediu para ser arquivada por falta de fundamento.
O líder do PSOE e do Governo prometeu uma declaração ao país sobre o seu futuro na segunda-feira.
A Comissão Federal do PSOE, órgão máximo do partido entre congressos, reuniu-se em Madrid, sem a presença do secretário-geral, para pedir a Sánchez que não se demita e, pela voz da “número dois” do partido e do Governo, a ministra Jose María Montero, denunciou uma “guerra suja” da direita e extrema-direita contra o primeiro-ministro e a sua família, baseada em campanhas de desinformação que comparou a outras ocorridas no Brasil, Estados Unidos, Argentina e “muitos países europeus”.
Enquanto decorria a reunião, mais de dez mil pessoas, segundo o PSOE e as autoridades locais, manifestaram-se em Madrid, para pedir a Pedro Sánchez para não se demitir.
PP e Vox acusam Sánchez, desde quarta-feira, de estar a vitimizar-se e a fazer “um espetáculo” que envergonha o país internacionalmente, para desviar as atenções de suspeitas de corrupção e para fazer campanha em véspera de várias eleições (regionais e europeias).