Era a conferência de imprensa mais importante desde que Rúben Amorim chegou ao Sporting. Na verdade, era a conferência de imprensa mais importante da carreira de Rúben Amorim. Na véspera de um Clássico no Dragão contra o FC Porto, a duas vitórias de ser campeão nacional, o treinador dos leões tinha de explicar os motivos de uma viagem surpreendente a Londres depois de ter dito que não iria negociar com outros clubes até ao final da temporada.

Em Alcochete, Rúben Amorim assumiu desde logo que iria retirar “o elefante da sala” e falar da viagem a Londres “uma vez”, sublinhando que o Sporting tinha conhecimento da deslocação. “Eu secretamente estacionei o carro cá fora, passei secretamente por 15 pessoas, passei por pessoas e tirei fotografias e entrei num avião. Tenho de retirar um bocadinho dessa coisa de que foi tudo feito nas costas do clube, porque isso não aconteceu. O ponto mais importante: é óbvio que a minha viagem foi um erro, o timing foi completamente desajustado, mas não me pareceu na altura. Foi desajustado, ainda para mais quando sou tão exigente com os meus jogadores e sou sempre o primeiro a dizer que os problemas de cada um não se podem sobrepor à equipa. Por menos já tirei jogadores do plantel”, começou por dizer.

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“Foi uma falha minha, tenho de assumir e viver com isso. Não me pareceu tão mau na altura, mas pensando depois é muito claro. Dei explicações aos jogadores e ao staff, agora é seguir em frente. É óbvio que também quero utilizar aqui a parte pública para pedir desculpa aos sportinguistas, ao staff e, principalmente e publicamente, aos meus jogadores pelo erro que cometi. Também quero falar da parte da palavra que dei aqui, de que não iria reunir com ninguém. Faltei à minha palavra, é verdade, mas as coisas nem sempre são preto e branco. Agora é focar no jogo e seguir em frente”, acrescentou Amorim, que ao longo da conferência de imprensa nunca confirmou que reuniu com responsáveis do West Ham.

Depois de sublinhar que fez “asneira”, garantindo que continua “motivado” para trabalhar no Sporting, o treinador dos leões explicou que não quer “comentar” os futuros planos — sejam eles a permanência em Alvalade, a mudança de clube ou até um ano sabático. “Foi um erro porque o facto de estarmos perto de ganhar o Campeonato e ainda não estar nada feito, o líder da equipa provocar este ruído… É um erro. Esteja ou não esteja autorizado. E eu sou o maior defensor disso. Por isso é que falei em erro, mas não vou entrar em mais pormenores”, atirou, apesar de defender que que a viagem não terá “influência na época”.

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“A incoerência acho que é óbvia e acontece a todos. Acho que perdi um bocadinho de crédito, principalmente também com o staff. Faz parte, vou tentar recuperar isso, sou como vocês e erro. Não tenho mais nenhuma resposta para vos dar, não sei o que vou fazer e essa confusão também me leva a ter comportamentos que, se calhar, não devia ter. Vou seguir em frente e vamos ganhar o jogo”, afirmou.

Por fim, sobre o Clássico no Dragão que pode dar o título ao Sporting em caso de vitória e derrota do Benfica este sábado contra o Sp. Braga, Rúben Amorim considerou que este é provavelmente o jogo mais difícil da época leonina e antecipou que Gyökeres está em dúvida devido a um “pequeno problema”. “A importância é sempre grande, independentemente da classificação um jogo destes tem sempre um grande significcado. Acho que vai ser o jogo mais difícil do Campeonato, mas por todas as condicionantes em si. Sabemos o clube que é, sabemos do seu treinador, o orgulho que tem juntamente com os jogadores. Não estão na luta pelo título, nós estamos e queremos ganhar. Temos de fazer pelo menos seis pontos e fazê-los rapidamente, o foco é esse”, terminou.