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As duas horas dormidas estragadas por dois golos: o day after de Villas-Boas após tornar-se presidente do FC Porto

Este artigo tem mais de 6 meses

Villas-Boas falou aos jornalistas quando ia buscar almoço após conversa com Pinto da Costa ao telefone, tinha fãs à porta antes de sair, provocou filas no interior do Dragão mas saiu com gosto amargo.

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Andava com uma bola de um lado para o outro num dia em que não havia bola mas nem por isso deixou de ser um dos protagonistas da festa antes de aparecer “o” protagonista da festa. Frederico é o filho mais novo de André Villas-Boas e não demorou a roubar o seu espaço de atenção enquanto todas as pessoas na sede da campanha do antigo técnico, incluindo a mãe Joana e as irmãs mais velhas Benedita e Carolina, iam aguardando de forma confiante mas carregada de ansiedade pelos resultados das eleições do FC Porto. A festa pela vitória acabou tarde mas seria ele a passar a maior parte do tempo com o novo presidente do FC Porto no day after da histórica eleição que bateu todos os recordes a nível de votantes na história do clube.

Após ter chegado tarde a casa, também André Villas-Boas ia sentindo aquela adrenalina de quem sabe que tem de descansar mas ao mesmo tempo está demasiado desperto para poder descansar. Umas horas antes tinha festejado quase numa versão “presidente adepto” a esmagadora vitória frente a Pinto da Costa, entre as duas idas à varanda (a primeira com a réplica da camisola de Juary na mítica final de Viena frente ao Bayern na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1987) para celebrar com as centenas de adeptos que se foram juntando na Rua do Agramonte e um discurso mais institucional e carregado de mensagens. As duas horas que conseguiu dormir foram poucas para o que precisava mas mais do que suficientes tendo em conta aquilo que tinha de fazer no primeiro dia de presidência que começou de uma forma imprevista.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Na véspera, Villas-Boas tinha referido que não sabia se o número de sócio de Pinto da Costa ainda continuava a ser o mesmo, ao passo que Pinto da Costa dizia apenas que não tinha o número de Villas-Boas. Na manhã deste domingo, ambos falaram após um contacto do presidente cessante, mas nem por isso o convite que foi endereçado pelo número 1 do clube nos últimos 42 anos para se juntar a ele na tribuna foi aceite ou mudou a ideia que o antigo treinador tinha de permanecer no junto dos associados no lugar anul.

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“Deu-me os parabéns, convidou-me para estar presente na tribuna presidencial [no jogo com o Sporting], mas nesta fase creio que faz mais sentido estar próximo dos associados [nas bancadas], pelo menos uma última vez. Quero agradecer-lhe o convite, por me ter parabenizado, que foi uma mensagem de força para o FC Porto. É importante sentir que estamos todos unidos como o mesmo objetivo. Os sócios aderiram em massa a estas eleições. Acabaram por tornar-se as mais votadas de sempre e ultrapassar todos os recordes estabelecidos, pelo que gostava de lhes agradecer dessa forma”, começou por dizer na manhã deste sábado aos canais televisivos que passaram por ali as primeiras horas do dia – sendo que não era “suposto” falar.

Acabou por acontecer. Depois dessas duas horinhas dormidas e de algum tempo que foi passado ao telefone para definir os próximos dias da sua vida agora como presidente, Villas-Boas saiu apenas ao final da manhã para ir buscar almoço mas acabou por responder a mais questões (como acontecera na véspera, na sede, onde deveria ter deixado apenas mais três ou quatro respostas aos jornalistas mas ficou muito mais tempo) antes de regressar e não mais sair até chegar a hora de rumar ao Dragão para o clássico.

Aì, à tarde, havia algo difrente. Quando abriu a porta da sua moradia com o cachecol do FC Porto ao pescoço e o fiho vestidor a rigor ao lado, o novo presidente dos azuis e brancos fez ainda algumas selfies com jovens adeptos que estavam no local antes de entrar no carro rumo ao Estádio do Dragão, onde viria novamente a prestar declarações após ter chegado com tempo, pouco depois da entrada em caixa de segurança dos adeptos do Sporting.Institucionalmente, as coisas só acontecem na tomada de posse, até à formalização vamos manter as coisas como elas são. Vou ver o jogo como sempre, como adepto, sócio e um amante do FC Porto. Gradualmente vou tendo o sentido total das responsabilidades que se avizinham e corresponder à gratidão dos sócios para comigo. “, apontou o candidato antes de entrar pela sua porta.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Foi apenas pouco menos de meia hora mas mostrou bem o peso que tem nesta altura no universo dos azuis e branco, com três assistentes oficiais de recinto a tentarem organizar as filas para que todos pudessem fazer uma selfie com o novo presidente do FC Porto, que tem sido acompanhado há várias semanas por dois seguranças sendo que um tornou-se mais conhecido por acompanhar dois ex-ministos de Portugal. Nessa fase, André Villas-Boas esteve sempre acompanhado pelo filho Frederico, dando a mão à criança que estava sentada a seu lado para transmitir a tranquilidade num momento que era tudo menos “tranquilo” por toda a agitação nesse setor da Central Nascente. Antes do início do encontro, tudo voltou ao normal, sendo que antes, entre todo o burburinho, um sócio deu-lhe um cartão com o número de… Nuno Lobo.

Foi nesse momento que, à semelhança do que aconteceu com todos os portistas presentes no Dragão, André Villas-Boas levantou-se para uma ovação de pé a Pinto da Costa na altura em que o presidente cessante fez a sua aparição na tribuna presidencial. Depois, houve jogo. Ao intervalo o novo líder dos azuis e brancos ainda continuou a tentar aceder a todos os pedidos numa autêntica romaria de sócios e adeptos em seu redor mas o ex-treinador foi sobretudo adepto. Festejou os golos, vibrou com as oportunidades, protestou com algumas decisões, mantinha-se calmo perante um dos jogos mais conseguidos nas últimas semanas.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Depois, tudo mudou. Um bis de Viktor Gyökeres em pouco mais de um minuto ao cair do ano tiveram o condão de mudar por completo o semblante de André Villas-Boas, que não gostou de ver uma vantagem que parecia definitiva (e que podia ser mais dilatada) transformar-se num empate. O próprio número de adeptos a tentarem pela última vez uma derradeira selfie com o presidente dos azuis e brancos diminuiu perante a frustração do terceiro encontro consecutivo em casa para o Campeonato sem vitória. Se ter dormido apenas duas horas parecia não ser um problema, os dois golos do sueco estragaram o day after de Villas-Boas.

“Houve muito apoio. Foi importante sentir o apoio dos adeptos e pronto, agora é começar o trabalho o mais rapidamente possível. As circunstâncias do jogo acabam por acontecer por distrações que acabam por penalizar o resultado, mas a equipa esteve muito bem preparada. Não merecia este desfecho”, referiu no final o presidente dos azuis e brancos, antes de deixar o Dragão com Frederico. Esta segunda-feira vai começar o trabalho mais a sério numa outra posição para resolver os problemas do FC Porto e o empate na receção ao Sporting foi mais um pela incapacidade de ganhar maior vantagem na luta pelo terceiro lugar.

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