A informação relativamente à exploração mineira está “completamente distorcida em Portugal e na Europa” sendo que a extração pode “perfeitamente” ser feita em segurança, disse a presidente do LNEG, Teresa Ponce Leão, numa conferência em Lisboa.

A Agência Internacional de Energia (AIE) demonstra o crescimento exponencial do lítio nos últimos anos e a presidente do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) acredita que a tendência se vai manter acrescentando que é “uma realidade que já não tem volta atrás”. Teresa Ponce Leão relembra ainda que já existem “muitas minas de lítio em Portugal” e que a Savannah tem uma licença de exploração de lítio numa mina que já existia para a produção de cerâmica.

O lítio em Portugal encontra-se em sete zonas identificadas, sendo que se estima que a zona Norte é a mais promissora para exploração dessa matéria, diz a presidente do laboratório, em Lisboa, numa conferência organizada pela Ordem dos Engenheiros.

A Savannah Lithium já tem licença para a exploração da mina do Barroso, em Montalegre, e visa a extração de 1,3 mega toneladas de matéria-prima.

A presidente do LNEG alerta também para a necessidade de conciliar a exploração mineira com a neutralidade carbónica acrescentado que é necessário “preservar o capital natural”. Teresa Ponce Leão utiliza o exemplo da mina de Tanco, no Canadá, para defender a extração mineira sustentável, afirmando que junto desta exploração vivem famílias e são praticados desportos náuticos.

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Presente na mesma sessão, Romeu Vieira da Fortescue, empresa australiana que opera no setor do metal, lembrou que Portugal tem “recursos minérios de lítio e não reservas”, o que disse estar ainda dependente de muitas licenças. “O recurso é o que temos no supermercado, a reserva é o que temos na nossa casa”, exemplificou.

O também geólogo explicou que, a nível mundial, existem quatro tipos principais de lítio — salmouras, concentradas na América do Sul, rochas, “o que temos em Portugal”, e argilas e gel termal, com alguns exemplos na Alemanha.

Por sua vez, Emanuel Proença da Savannah Resources defendeu que, em 2050, as necessidades de lítio serão 90 vezes superiores às registadas em 2020, o que disse que vai evitar a emissão de muitas toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera. “O problema das alterações climáticas está identificado e trabalhado. Há soluções tecnológicas ao dispor e a atingir uma escalada internacional. Todas elas, quer estejam associadas à eletrificação de consumos, à descarbonização ou à mobilidade precisam, fortemente, de recursos como o lítio”, vincou.

Emanuel Proença lembrou ainda que existem 15 milhões de empregos associados à produção de veículos na Europa, nomeadamente em Portugal e Espanha.

Para a Savannah, a instalação em Portugal da indústria do lítio configura-se num “catalisador [económico] muito importante” para as próximas décadas. A Savannah Resources é responsável pelo projeto Lítio do Barroso, que deverá entrar em produção em 2026.

Este projeto prevê a produção de lítio para, aproximadamente, 500.000 baterias para veículos por ano. A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) já emitiu uma declaração de impacte ambiental favorável para o projeto.