O primeiro-ministro, Luís Montenegro, condenou em nome do Governo, os “ataques racistas” contra imigrantes no Porto e defendeu que deve existir “tolerância zero ao ódio e violência xenófoba”.

“Condeno veementemente, em meu nome pessoal e do Governo português, os ataques racistas desta noite no Porto”, escreveu o chefe de Governo na sua conta oficial na rede social X (antigo Twitter), expressando “solidariedade com as vítimas”.

Luís Montenegro reafirmou “tolerância zero ao ódio e violência xenófoba” e elogiou “o trabalho das forças de segurança”.

Também numa publicação na mesma rede social, a coordenadora do BE pediu uma “punição exemplar dos agressores”, defendendo “nem um dia de silêncio contra a política de ódio”.

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Mariana Mortágua considerou que “quando o racismo flui no parlamento, a violência flui até às ruas”.

“Quem censura a memória do colonialismo abre a porta à violência no presente”, escreveu a bloquista.

Também no X, a porta-voz do PAN repudiou “os atos de xenofobia e racismo que ocorreram ontem [sexta-feira], na cidade do Porto, bem como o planeamento de assassinato de uma pessoa em situação de sem-abrigo e a sua transmissão em direto”.

“O ódio não representa os valores humanistas da nossa sociedade”, salientou Inês de Sousa Real.

SOS Racismo diz que se trata de ataques de grupo organizado e convoca manifestação

O SOS Racismo revelou hoje que nos últimos dias, no Porto, um grupo organizado perpetrou ataques racistas contra imigrantes residentes na cidade, situação que obrigou vários a receber tratamento hospitalar.

“Nos últimos dias, um grupo organizado de pessoas constituiu uma milícia para invadir casas e atacar imigrantes na cidade do Porto. Com recurso a bastões, paus e facas, este grupo espancou vários imigrantes, dentro das suas casas. Os ataques foram planeados e devidamente organizados, para espalhar o terror e atacar o maior número de imigrantes. As habitações foram destruídas e várias pessoas tiveram de receber tratamento hospitalar”, lê-se na nota de imprensa.

Neste contexto, o movimento anuncia para hoje, às 22:00, no Campo 24 de agosto, no Porto, uma ação de solidariedade para com os imigrantes agredidos.

Ainda na madrugada de sexta-feira, na via pública, a PSP registou outros dois ataques de caráter racista dirigidos a cidadãos de origem magrebina, que poderão ter sido cometidos pelo mesmo grupo. Um dos agressores foi detido na posse de um bastão.

“Assistimos a práticas milicianas motivadas pelo ódio racial e xenófobo, típicas de grupos assassinos de extrema-direita. Não podemos voltar aqui — nunca mais!”, lê-se no comunicado do SOS Racismo no qual descreve que “estes grupos atuam de forma concertada, porque se sentem legitimados”.

“Legitimados pelo discurso de ódio da extrema-direita e por narrativas e discursos populistas e racistas de altos responsáveis políticos, que têm vindo a fazer associações falsas entre a criminalidade e a imigração, fornecendo o combustível necessário para alimentar a violência contra imigrantes e legitimar milícias racistas e xenófobas”, denuncia o SOS Racismo.

Critica ainda a “passividade do Estado no combate ao racismo e à xenofobia” que se “verifica nos crónicos problemas da Justiça neste capítulo, aos quais acresce a inoperância da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial, que está sem funcionar desde outubro de 2023”.

Exigem, por isso, “a todos os responsáveis políticos que condenem estes atos e que condenem todos os discursos de ódio que os sustentam, ao Ministério da Administração Interna que atue de imediato, fornecendo proteção policial necessária para proteger as pessoas, ao Ministério Público que atue rapidamente para deter e levar a julgamento este grupo de criminosos que cobardemente atuam encapuzados”.

Ao Presidente da Republica, à Assembleia da República e ao Governo, prossegue o movimento, exigem que “condenem inequivocamente toda esta violência e que tomem as medidas necessárias para que as instituições democráticas funcionem, e, em especial, para que a Comissão Para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial funcione”.