A proposta que estava na ordem de trabalhos da assembleia-geral da Águas de Portugal para que fosse feito um aumento de capital de 100 milhões não foi apreciada a pedido dos acionistas.
Fonte oficial da Águas de Portuga limita-se a dizer ao Observador que “esse ponto [aumento de capital] não foi apreciado, conforme solicitação dos acionistas”. A Águas de Portugal é detida em 81% pela Parpública, estando os restantes 19% na Caixa Geral de Depósitos, ambas entidades públicas.
Ficou assim por aprovar o aumento de capital de 100 milhões de euros, tal como Público e Eco tinham avançado. Isto porque o atual Ministério das Finanças, liderado por Joaquim Miranda Sarmento, travou a operação, que não quer que se realize antes de ver o plano de negócios da empresa.
O aumento de capital foi posto na ordem de trabalhos, para compensar o dividendo extraordinário que o acionista Estado determinou à Águas de Portugal no final do ano passado, por indicação do então ministro das Finanças, Fernando Medina. Contactado pelo Observador, o Ministério das Finanças não prestou qualquer informação.
Medina tirou 100 milhões da Águas de Portugal. Miranda recusa repô-los
O que permitiu uma ajuda nas contas públicas de 2023, e que acabaria por penalizar as deste ano, com a inscrição de um aumento de capital.
Em comunicado, a Águas de Portugal indica que em assembleia-geral foi aprovado o relatório e contas de 2023, ano em que a empresa de águas registou um lucro de 102 milhões de euros. Ou seja, a empresa acabou por pagar quase todo o lucro em dividendo.
“A assembleia-geral de acionistas da AdP – Águas de Portugal aprovou o relatório e as contas consolidadas de 2023, que confirmam a robustez do Grupo AdP e a evolução positiva consistente da generalidade dos indicadores, enquadrados numa dinâmica de crescimento sustentável da atividade”, indica o comunicado da AdP, sugerindo que a estrutura financeira está sólida, ainda que tenha sido afetada.
“A solidez da estrutura financeira é manifesta pelo nível de endividamento líquido que se manteve abaixo de quatro vezes o EBITDA, ainda assim afetado pela referida contenção tarifária ao nível das receitas e pela distribuição excecional de dividendos determinada pelos acionistas no montante de 100 milhões de euros”. O EBITDA (resultado operacional bruto) ascendeu a 350 milhões de euros, “inferior ao valor registado no ano anterior, em consequência do agravamento no custo da energia e dos reagentes por impacto da guerra na Europa, aumento esse que se optou por não repercutir integralmente nas tarifas dos serviços”, indica a empresa em comunicado.
O volume de negócios ascendeu aos 790 milhões de euros, mais 6,4% que no exercício anterior. Com o os lucros a subiram para 102 milhões de euros, um aumento de 2,2%.
Em 2023, o investimento realizado atingiu 214 milhões de euros.