17 jogos, 15 vitórias, dois empates: o Benfica vai terminar a Primeira Liga sem qualquer derrota sofrida no Estádio da Luz, recuperando uma invencibilidade em casa que já não alcançava desde 2016/17 e que registou pela sétima vez no século XXI. Algo que não apaga a temporada abaixo das expectativas, com os encarnados a fecharem a temporada no próximo fim de semana contra o Rio Ave e apenas um troféu conquistado, a Supertaça.

A última dança de Rafa na Luz foi uma valsa das antigas (a crónica do Benfica-Arouca)

No último jogo da época na Luz, antes da derradeira visita a Vila do Conde, o Benfica goleou o Arouca e respondeu da melhor maneira à derrota em Famalicão que abriu a porta à conquista do Campeonato por parte do Sporting. Os encarnados chegaram à 11.ª vitória consecutiva em casa para a Primeira Liga e, no conjunto de todas as competições, não perde na Luz há 22 jogos — sendo que Roger Schmidt, desde que chegou ao clube, só perdeu em casa em quatro ocasiões.

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Num jogo muito marcado pelo divórcio entre as claques do Benfica e os restantes adeptos, com tochas, cânticos, assobios e insultos, Rafa despediu-se do Estádio da Luz antes de realizar o último jogo pelos encarnados contra o Rio Ave. O avançado marcou dois golos, fez uma assistência e foi eleito o melhor elemento em campo já depois de ser substituído e ovacionado pelas bancadas, optando por não falar na zona de entrevistas rápidas e cedendo esse papel a Di María.

“Fizemos um jogo muito bom. Jogámos contra um adversário complicado, que tem feito coisas boas ultimamente. Era importante conseguir uma vitória também para os adeptos, que mereciam. Podíamos ter feito isto durante todo o ano, temos jogadores com capacidade para isso, com muita qualidade, mas isto é futebol. Às vezes as coisas saem bem, às vezes não saem. Mas temos de seguir este caminho”, explicou o argentino, que ainda não confirmou se também vai deixar o Benfica ou manter-se nos encarnados.

Também na flash interview, Di María confirmou que procurou oferecer a grande penalidade que acabou por converter a Rafa, mas que o avançado não quis. “Ele disse-me antes do jogo que estava perto da marca do Pizzi, por isso disse-lhe que lhe dava o penálti. Mas ele disse que não. Tentei, mas ele não quis. Não gosta de bater penáltis”, acrescentou, sendo que Rafa acabou mesmo por igualar os 94 golos de Pizzi (e Simão Sabrosa) pelo Benfica e até homenageou o antigo colega de equipa ao celebrar como ele, com uma continência.

Já Roger Schmidt defendeu que gostou “de tudo” na exibição do Benfica. “Acho que fizemos um jogo muito bom, criámos muitas oportunidades e marcámos cinco golos. Estou satisfeito, sei que temos potencial para marcar mais. Mostrámos felicidade com a bola, fomos bons nas transições e acho que mostrámos aos adeptos, no nosso último jogo em casa, que também lhes queremos dar bom futebol. Foi isso que a equipa fez. Foi também o último jogo do Rafa… É um jogador especial, uma pessoa fantástica e mereceu o adeus dos adeptos. Marcou dois golos e fez uma assistências, estou muito feliz”, indicou o treinador alemão, que deixou mais palavras ao avançado que está de saída.

“O Rafa conhece muito bem o clube, passou cá oito anos. Fez uma grande exibição, é sempre um dos melhores jogadores e assume sempre a responsabilidade. Sempre o fez. Quando faz um jogo assim, acho que os adeptos reconhecem que sempre deu tudo pelo clube”, terminou Schmidt, que ainda teve tempo para estrear João Rêgo, avançado de 18 anos natural de Ourique que cumpriu os primeiros minutos pela equipa principal encarnada.

Já na conferência de imprensa, o treinador alemão foi questionado sobre o ambiente vivido no Estádio da Luz, principalmente pela clara divisão entre adeptos nas bancadas, e abriu a porta à possibilidade da saída num dia em que uma das claques tinha uma tarja claramente contra ele. “Estas pessoas descontentes têm muita atenção, especialmente da imprensa, mas o que fica claro é que nestas circunstâncias é impossível sermos campeões”, começou por dizer.

“Se a solução implica a minha saída, temos de falar nisso, mas a forma como os adeptos reagiram… Não podemos continuar assim. Mas acho que se trata de uma situação especial, os jogadores focaram-se no jogo e temos de refletir sobre isto. Se a solução é a minha saída, temos de falar sobre essa possibilidade. Mas estes adeptos já tiveram atenção suficiente e os benfiquistas também são constituídos por pais, mães, avós, netos… Temos de pensar realmente em como apoiar melhor o plantel”, acrescentou.