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Docentes, investigadores e administrativos do ensino superior juntaram-se numa petição dirigida aos órgãos dirigentes de universidades e institutos politécnicos portugueses para pedir o respeito do direito de manifestação dos alunos, sem recurso à violência.
“Acreditamos que é nosso dever, como académicos e trabalhadores do ensino superior, não reagir às manifestações com o recurso à coerção, proteger os nossos alunos no contexto e no espaço universitário, e não os colocar em risco de serem alvo de violência policial”, lê-se na carta aberta que esta sexta-feira às 10h00 tinha cerca de 80 assinaturas.
“Nós, docentes, investigadores e membros do pessoal administrativo do ensino superior, queremos expressar solidariedade com os estudantes que tomaram a iniciativa de ocupar pacificamente edifícios e outras instalações académicas, como a que, no presente momento”, tem lugar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova.
Nos últimos dias, várias universidades em todo o país têm tido espaços ocupados por estudantes em protestos pela paz na Palestina e contra a invasão israelita em Gaza, à semelhança do que sucede noutras universidades internacionais.
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto encerra edifício ocupado por estudantes pró-Palestina
Os promotores da petição elogiam a decisão da direção da Universidade Nova de “reunir e dialogar com os alunos e de não chamar a polícia nesta ocasião”. “Apelamos que essa posição seja mantida e pedimos a todas as direções do ensino superior que façam o mesmo” em casos semelhantes, defendem.
Para os signatários, “não é possível, simultaneamente, festejar os movimentos estudantis ocorridos em 1962 e recorrer a formas de repressão e violência face a ações que estão bastante mais distantes de perturbar o normal funcionamento das instituições do que os protestos estudantis que culminaram na enaltecida crise académica”.
As instituições de ensino superior devem “desempenhar um papel relevante no incremento da participação e do empenho cívicos”.
Por isso, “os esforços dos corpos que a constituem para responder à emergência climática ou para impedir atentados aos Direitos Humanos, consubstanciados em ocupação militar, na matança de dezenas de milhares de civis, na obstrução de ajuda humanitária e na destruição indiscriminada de habitações e de infraestruturas cruciais, devem ser saudados, debatidos e escutados e não alvo de perseguição ou repressão”, concluem os autores.
O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que já provocou mais de 35.000 mortos, segundo o Hamas.