O governo regional do Rio Grande do Sul, estado brasileiro devastado pelas chuvas desde o fim de abril, anunciou esta sexta-feira um plano de reconstrução e a criação de quatro “cidades temporárias” para receber milhares de desabrigados.

As instalações temporárias serão construídas em complexos desportivos e culturais nas cidades de Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Guaíba, que serão adaptados para acomodar pessoas por mais tempo.

As áreas de instalação em cada município ainda estão em avaliação em conjunto com as prefeituras. Em Canoas, o Centro Olímpico Municipal (COM) é a alternativa. Em Porto Alegre, o Porto Seco, na Zona Norte. Em São Leopoldo foi indicado o Centro de Eventos, e em Guaíba ainda não há definição.

O plano para construir soluções para dar melhores condições de habitação temporária foi apresentado pelo governo regional em conferência de imprensa.

Segundo o último balanço divulgado pela Defesa Civil local, cerca de 78 mil pessoas estão desabrigadas (alojadas em abrigos públicos por terem perdido as suas casas) e 540 desalojadas (a residir com parentes ou amigos) devido às chuvas que atingiram todo o estado e que afetaram pelo menos 2,2 milhões de pessoas que vivem em 461 cidades do Rio Grande do Sul.

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Mais de 150 mortos e 600 mil desalojados nas cheias do sul do Brasil

O Rio Grande do Sul estima que, dentro de um mês, o número de pessoas que continuará a precisar de alojamento rondará os 10 mil e que muitas delas serão obrigadas a permanecer mais tempo nos abrigos temporários, que terão entre 3 mil e 30 mil metros quadrados.

Na mesma conferência de imprensa, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, anunciou a criação de um programa de transferência de rendimento chamado “Volta Por Cima”, que destinará 2,5 mil reais (450 euros) para cada uma de 47 mil famílias abrangidas, e a criação de uma Secretaria de Reconstrução, que se encarregará de levantar o capital necessário para a execução do plano.

As autoridades locais procuram formular uma estratégia de reconstrução da região após a tragédia climática que deixou pelo menos 155 mortos e danos superiores a 18,8 mil milhões de reais (cerca de 3,9 mil milhões de euros) em parceria com municípios e o Governo central.

O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, já tinha anunciado um Ministério extraordinário para coordenar a reconstrução da região, onde 90% dos municípios foram afetados em maior ou menor grau por chuvas torrenciais e inundações, e anunciou vários pacotes de ajuda financeira, incluindo subsídios diretos, empréstimos a taxas vantajosas e perdão de dívidas do Rio Grande do Sul.