Luís Vaz de Camões, que se estima ter nascido em 1524 e morrido em 1580, é considerado um dos maiores nomes da literatura mundial, ocupando a sua vasta obra, ainda hoje, um lugar cimeiro na história da cultura portuguesa.
O universo único que criou nos seus textos épicos e líricos tem despertado ao longo dos séculos interesse e paixão em leitores e estudiosos, como é o caso do escritor, tradutor e professor universitário Frederico Lourenço, que se assume um dos grandes leitores do poeta.
Para homenagear Luís de Camões no quinto centenário do seu nascimento, a Quetzal publica, no dia 29, um conjunto de textos selecionados e anotados por Frederico Lourenço, com o título “Camões. Uma Antologia”.
Esta antologia dá a ler “as passagens mais brilhantes” de “Os Lusíadas” e das “Rimas”, com um comentário ao mesmo tempo acessível, erudito e ousado, lê-se na sinopse.
Autor do romance camoniano “Pode um Desejo Imenso” e de estudos académicos sobre Camões, Frederico Lourenço dedica-se aqui a explorar, com elementos novos, a velha questão da presença clássica na obra camoniana, não deixando de enfrentar o problema de como lê-la à luz das mentalidades contemporâneas.
Outra aposta do grupo Bertrand para assinalar a data, neste caso pela chancela Contraponto, é a Biografia de Luís de Camões, da autoria da escritora e investigadora Isabel Rio Novo, a ser publicada em junho, que promete dar a conhecer o homem por detrás do mito.
Fruto de um trabalho de cinco anos, que obrigou a autora a mergulhar a fundo em todas as biografias antigas e recentes, na pesquisa de fontes conhecidas e na reunião de informação que estava dispersa, bem como a fazer viagens a Goa e a Moçambique, esta biografia inclui uma enorme quantidade de notas de rodapé, que contextualizam e explicam conceitos da época que se foram perdendo ou alterando com o passar do tempo.
A editora Guerra e Paz escolheu publicar o “Camões de que Sena nos faz orgulhar”, nas palavras do editor, Manuel Fonseca, que assinala a efeméride com a publicação de vários livros de Jorge de Sena dedicados a Luís de Camões e à sua obra.
São cinco livros que terão como selo a designação “Camões-Sena, 500 anos de Camões na Visão Herética de Jorge de Sena”, e que juntam, “numa simbiose inesperada”, os dois escritores.
O primeiro, “O Pensamento de Camões”, é só de Sena, que, em quatro breves ensaios, mostra como da poesia épica e lírica de Camões se pode extrair um pensamento filosófico que faz do poeta “um gigante no seu tempo”.
O segundo livro, “Os Lusíadas e a Visão Herética”, inclui a versão integral de “Os Lusíadas”, precedida de uma breve apresentação dos dez cantos, feita por Sena, e seguida de um ensaio, que resgata a epopeia portuguesa de visões paroquiais, patrioteiras, religiosas ou pietistas.
“Babel e Sião”, a terceira deste conjunto de obras, reúne a redondilha de Camões, “Sobre os rios que vão”, ao conto de Sena, “Super Flumina Babylonis”, que ficciona justamente Camões a escrever aquele poema.
Este mesmo livro — uma edição de capa dura, com a cobertura e parte do miolo em papel preto, impresso a prata — inclui ainda o Salmo 136 de David, que inspirou a redondilha camoniana, bem como um ensaio de Sena sobre essa redondilha.
Além destes três livros, que tiveram o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, a Guerra e Paz vai publicar as cartas de Camões, em “Cartas e Poemas”, e, de Jorge de Sena, o seu “Reino da Estupidez II”, que incluiu um capítulo, intitulado “Dois Estudos de Super-Camoniciologia Envolvendo uma Sensacional Entrevista com Camões em Pessoa”.
A Porto Editora tem previsto publicar na Assírio & Alvim o “Teatro Completo” de Luís de Camões, a faceta “menos explorada, mas não menos magistral do grande poeta nacional”, que chega às livrarias no último trimestre do ano.
A edição está a cargo de Sérgio Guimarães, que nesta chancela já foi responsável por projetos como “Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto, e “Obra Completa”, de Francisco de Sá de Miranda.
A Editorial Presença reeditou no mês passado, numa edição revista e aumentada, “Camões e Outros Contemporâneos”, livro de ensaios de Hélder Macedo que partem da premissa “contemporâneos são todos aqueles com quem vivemos”, para refletir sobre a antiguidade, ou não, da obra de Camões e a forma como esta continua presente em autores atuais.
Pela mão de um dos maiores especialistas camonianos, este livro vencedor do prémio D. Diniz, ilustra a necessidade de entender o autor de “Os Lusíadas” como uma das mais necessárias vozes da literatura portuguesa no século XXI, destaca a editora.
Para os mais novos, a Booksmile, chancela do grupo Penguin Random House Portugal, lançou em fevereiro “Camões, As Aventuras e Desventuras de um Poeta Épico”, uma introdução à vida e obra do poeta, dirigida às crianças.
O livro tem textos informativos e curiosos sobre os principais episódios da vida e obra de Camões, da autoria do professor de Português e Estudos Clássicos Sérgio Franclim, e ilustrações de Bruno Ferreira.
A Imprensa Nacional, que tem no seu histórico edições de “Os Lusíadas” e da Lírica Completa, além de estudos como “Camões e a Divina Proporção”, de Vasco Graça Moura, anunciou no seu plano para 2024 uma nova edição de “Os Lusíadas” e ainda um volume dedicado ao escritor na coleção infantojuvenil.