A Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente (CPADA) alertou esta quinta-feira para “falhas na estratégia adotada” para a época de incêndios, que considera desadequada e que pode contribuir para uma época desastrosa.

Num comunicado, a CPADA admite que se tem feito “algum trabalho” no setor do combate a incêndios mas sem se ir ao essencial, o ordenamento do território. E acrescenta que medidas sem eficácia comprovada “têm sido não uma solução mas sim um problema”.

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É o caso, diz, das limpezas a régua e esquadro das faixas de gestão associadas às vias de comunicação, “onde têm sido abatidas dezenas de milhar de árvores, nomeadamente espécies autóctones, sem critério e sem justificação”.

Quanto ao Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR), entende a CPADA, que devem ser promovidas soluções que permitam uma melhor operacionalização e eficácia entre as várias entidades envolvidas, e na fase mais crítica haver uma “postura mais interventiva na prevenção”, com os meios a não estarem simplesmente à espera do alerta para saírem dos quartéis.

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“Salientamos que uma vigilância móvel ativa é eficaz, embora tenha sido menosprezada nos últimos anos. Também ter meios pré-posicionados fora dos quartéis é uma medida eficaz, embora muito pouco utilizada em Portugal”, diz a CPADA no comunicado.

Lembrando os grandes incêndios de 2017, afirmando que desde então “tudo está na mesma” ou pior, as associações alertam que este ano pode ser “particularmente trágico“, tendo em conta o grande desenvolvimento da vegetação e a previsão de um verão com meses a registar temperaturas acima da média.

“Portugal continua a não estar preparado para incêndios de enormes proporções e está assente numa estrutura não adequada ao panorama atual”, avisa a confederação, salientando a importância de “uma intervenção devidamente pensada e executada ao nível da origem do problema, ou seja da gestão e do ordenamento do território, com reflexos também ao nível da gestão florestal”.

A CPADA dá o exemplo do eucalipto, que entre outras espécies de crescimento rápido tem sido um “elemento altamente desvirtuador” de uma gestão florestal equilibrada e de um ordenamento do território efetivo.

“É impensável conseguir apagar-se um incêndio florestal numa extensa área de monocultura de eucalipto, ou pinheiro. Quebrar a continuidade e dimensão destas áreas, com espécies autóctones, é fundamental para mitigar o problema”, diz-se no comunicado.

No documento, os ambientalistas também dão destaque à importância de apostar na revitalização do interior, contrariando o êxodo rural, para promover o dinamismo territorial que permita voltar a gerir áreas abandonadas e mais expostas a incêndios florestais.