Na estreia tinha perdido frente ao russo Karen Khachanov, no ano passado ainda bateu o americano John Isner depois de uma maratona decidida no tie break do quinto e último set mas cedeu de seguida contra o argentino Diego Schwartzman. Ponto comum às duas participações de Nuno Borges em Roland Garros? As entradas em prova feitas ainda no domingo, primeiro dia para ser jogada a primeira ronda do torneio. E essa era uma das diferenças em relação a 2024, com o português a ter de esperar até terça-feira para poder fazer o primeiro encontro do quadro de singulares pelo sucesso do checo Tomas Machac no ATP de Genebra, onde foi à final perdida com Casper Ruud. Mas existiam mais distinções em comparação com 2022 e 2023.

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Borges chegava a esta edição do Grand Slam francês no melhor momento da carreira e com vários registos nunca antes atingidos na carreira. Três exemplos: atingiu a quarta ronda do Open da Austrália, onde teve a melhor vitória da carreira diante de Grigor Dimitrov antes de perder em quatro sets com Daniil Medvedev; revalidou o título no challenger de Phoenix ganhando na final ao italiano Matteo Berrettini; chegou agora aos oitavos do Masters 1.000 de Roma, vencendo Alexander Bublik no caminho até defrontar Alexander Zverev. E o maiato não queria ficar por aqui, tendo também os Jogos de Paris entre as ambições a breve prazo.

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“Os últimos encontros e torneios em terra batida têm-me dado bastante confiança, sinto-me a jogar bem, melhor e mais bem preparado para a terra batida. Também estou melhor fisicamente mas claro que não depende só de mim. A verdade é que me estou a sentir na melhor fase da carreira, espero estar à altura do desafio e fazer um bom jogo na primeira ronda. O último torneio de Roma deu-me bastante confiança. As condições são mais ou menos semelhantes e, apesar de a bola não ser a mesma, dá-me confiança para este grande desafio. Aqui é à melhor de cinco sets e os encontros em Roma foram todos muito complicados, o que de certa maneira me dá mais confiança para encontros mais longos e mais puxados. Agora, é acreditar no processo, confiar, ir a jogo e dar o máximo”, comentara à Lusa antes da estreia.

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Para “complicar” ainda mais a estreia, Nuno Borges, atual 47.º do ranking mundial, teria pela frente um Tomas Machac (34.º) confiante como nunca depois de atingir a sua primeira final de um torneio ATP em Genebra ao derrotar com uma exibição de sonho (à exceção do total eclipse no segundo set) frente a Novak Djokovic. E sendo certo que o maiato não fez um mau jogo, o checo foi melhor nos pontos chave que fizeram toda a diferença. O processo está lá mas o sucesso em Paris ficou adiado para os Jogos Olímpicos.

Com muito apoio no court 8 do complexo de Roland Garros, Nuno Borges pouco ou nada conseguiu fazer no primeiro jogo de serviço de Machac mas segurou depois o serviço e conseguiu o primeiro break na primeira oportunidade, passando para a frente do set inicial antes de um contra break que chegou para fazer o empate a três que deixava tudo em aberto. Se o checo ia mostrando parte do jogo que impressionou na última semana na Suíça, o português continuava muito frio apesar de alguns erros em bolas a queimar a linha de fundo que saíam demasiado longas e mantinha-se vivo na decisão do parcial com jogadas fantásticas como o amortie de ângulo difícil com que fechou o 4-4 mas acabou por baixar um pouco o nível na fase decisiva do tie break, perdendo por 7-3 frente a um Machac que soube gerir melhor os pontos de serviço nessa decisão.

Apesar da vantagem do checo, o equilíbrio continuava a ser a nota dominante num encontro que, depois de ter sido adiado várias horas devido à chuva, ia decorrendo sem risco de paragens a meio como aconteceu na véspera. Mais: depois do 3-3 de Machac, todos os serviços tinham sido ganhos pelos dois jogadores, numa série de seis até ao tie break que se prolongou até aos nove, altura em que o português conseguiu fazer o break e passar para a frente por 3-1. Nuno Borges voltava a ter o set na mão mas um ponto que parecia ganho mas que foi concluído de forma ligeiramente mais longa permitiu o contra break que fez o 4-3 antes de o checo segurar o seu serviço e fazer novo break num jogo com 12 minutos que estendeu a passadeira para poder fechar o triunfo no segundo set por 6-4 com o maiato a ter dificuldades em “agarrar-se” ao jogo.

Era a pior fase da partida de Nuno Borges, que entre uma curta paragem devido à chuva sofreu um break logo a abrir e ficou em claro risco de cair logo na ronda inaugural frente a um Machac apostado em prolongar o momento que trazia de Genebra. Após seis jogos a perder, o maiato segurou o seu serviço no 2-1 mas já tinha deixado o checo chegar à sua zona de conforto no encontro antes de nova pausa pelos chuviscos que iam caindo com o encontro em 30-40 no serviço de Borges com 3-1 para Machac. A versão Gladiador não permitiu evitar novo break mas seguiu-se o contra break que fez o 4-2 antes de segurar o serviço para o 4-3. No entanto, a história estava escrita, com Machac a fechar o terceiro set com o break para o 6-3.