Um grupo de artistas e intelectuais brasileiros, como Chico Buarque ou Gilberto Gil, apelaram esta quinta-feira ao Presidente Lula da Silva para que o Brasil rompa relações com Israel, que acusam de promover uma “carnificina insuportável”.

Numa “carta aberta ao presidente Lula sobre o genocídio do povo palestino”, tornada pública esta quinta-feira pelo jornal Folha de São Paulo, 44 personalidades pedem mais uma posição firme do Brasil tendo em conta “a crescente violência imposta pelo governo Netanyahu, com ataques desumanos e cruéis contra civis” que vivem na Faixa de Gaza.

A crescente violência “obriga o mundo a ir além de gestos e propostas diplomáticas”, defendem artistas como Chico Buarque, Gilberto Gil, Wagner Moura ou Emicida.

Nesse sentido, pedem que o Brasil se junte às outras nações “que romperam relações diplomáticas e comerciais com o Estado de Israel, exigindo o cumprimento das decisões que colocam fim ao genocídio e garantem a autodeterminação do povo palestino”.

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Na carta, assinada por escritores e intelectuais como Milton Hatoum e Jessé Souza, dizem acreditar que tais medidas serviram “de exemplo a outros governos e constituiriam uma imensa contribuição para que se encerre essa carnificina insuportável”.

O documento é ainda assinado por advogados e juristas e ex-ministros de diferentes governos como Luiz Carlos Bresser-Pereira, Paulo Sérgio Pinheiro, Eleonora Menicucci, Paulo Vannuchi, José Dirceu e Eugênio Aragão.

Os subscritores saúdam o “comportamento sempre firme e coerente” de Lula da Silva “em solidariedade ao povo palestino, que tem vindo a denunciar reiteradamente o genocídio do qual é vítima”: “Graças ao seu governo, somos uma das nações que reconhecem, no âmbito das Nações Unidas, a soberania e a independência da Palestina”, escrevem.

A ação mais recente aconteceu esta quarta-feira, quando o Brasil retirou de forma oficial o embaixador em Israel, sendo considerada a ação diplomática mais forte tomada pelo país contra o Governo israelita.

O embaixador Frederico Meyer, que chefiava a embaixada brasileira em Telavive, foi nomeado representante do país na Conferência de Desarmamento da Organização das Nações Unidas (ONU) num ato publicado no Diário Oficial da União.

A relação entre os dois países entrou em crise quando Lula da Silva declarou que Israel estaria a praticar um genocídio na Faixa de Gaza, citando o alto número de vítimas civis no conflito, e comparou as ações do Governo israelita para com os palestinianos ao que os nazis fizeram com os judeus durante o Holocausto, uma questão muito sensível em Israel.

Na sequência, Israel declarou o Presidente brasileiro ‘persona non grata’, o que levou os embaixadores dos dois países a serem chamados para consultas.

A atual guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada após os ataques de 07 de outubro do movimento islâmico Hamas contra Israel, em que foram mortas mais de um milhar de pessoas e raptadas mais de duas centenas. A retaliação israelita fez mais de 36 mil mortos em Gaza, segundo os números divulgados pelas autoridades de saúde palestinianas.